Diálogos de saberes no cultivo de hortas agroecológicas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Pereira, Adalgisa de Jesus
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
BR
Agroecologia
Mestrado em Agroecologia
UFV
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://locus.ufv.br/handle/123456789/2017
Resumo: A produção de hortaliças pela agricultura familiar tem sido estimulada nos últimos anos através do Programa Nacional de Alimentação Escolar,do Programa de Aquisição de Alimento e da comercialização direta ao consumidor. A agricultura familiar produz alimentos não somente em quantidade, mas também com qualidade. A agricultura familiar agroecológica não utiliza agrotóxicos e faz uso de práticas de manejo visando conservar o solo, a água e a biodiversidade. Estes agricultores são capazes de inovar construindo novidades produtivas de maneira individual e coletiva, interagindo com outros atores sociais. Eles, muitas vezes, não seguem um pacote de tecnologias, porém as desenvolvem mediante práticas sociais, são as chamadas tecnologias sociais. Muitas destas tecnologias sociais e práticas agroecológicas, entretanto, não são ou são pouco socializadas e dentre as causas está a falta de sistematização das experiências. A partir da necessidade de conhecer experiências inovadoras na agricultura familiar esse trabalho teve por objetivo resgatar e analisar, de forma participativa, através do diálogo com as famílias de agricultores, as tecnologias sociais e práticas agroecológicas desenvolvidas na horticultura familiar. Especificamente objetivou-se a) identificar o contexto produtivo dos agricultores/as; b) identificar e sistematizar de forma participativa e socializar as tecnologias sociais e práticas utilizadas pelos agricultores/as agroecológicos no manejo de suas hortas e; c) avaliar o potencial inseticida do extrato de Agave americana var. marginata Trel (agave),no controle de Brevicoryne brassica Lineaus (pulgão),em cultivos de Brassica oleracea Lineaus (couve). A pesquisa foi realizada com agricultores/as agroecológicos/as que comercializam seus produtos via Rede de Prossumidores Raízes da Mata. A sistematização das práticas agroecológicas foi feita por meio de visitas, entrevistas semi-estruturadas e caminhadas pelas hortas. Durante as visitas, as tecnologias sociais e as práticas agroecológicas encontradas foram relatadas e descritas com o maior detalhadamente possível. Para socializar as práticas agroecológicas sistematizadas foram feitos intercâmbios, durante os quais instalações pedagógicas foram preparadas para representar cenários das hortas, tecnologias sociais e práticas identificadas. Durante os intercâmbios a calda A. americana,utilizada por um agricultor em cultivos de B. oleracea no controle de B. brassica, foi escolhida como uma prática inovadora a ser experimentada de forma participativa.Foram montados três ensaios, dois a campo e um em laboratório. O primeiro ensaio foi composto pelos tratamentos: piteira e leite; piteira e água, leite e álcool; piteira e álcool; piteira e água e controle (água). No segundo experimento os tratamentos foram: piteira e leite; piteira diluída em água; piteira diluída em álcool; leite diluído na água; controle (água) e controle (álcool). O delineamento experimental nos dois experimentos foi em blocos casualizados, sendo o primeiro com cinco tratamentos e o segundo com seis tratamentos, ambos com cinco repetições. Seguindo o método utilizado pelo agricultor foi feita a primeira aplicação sem avaliação quantitativa no dia em que havia a maior quantidade de insetos, aos sete dias após a primeira aplicação foi feita a segunda aplicação e três dias (72 horas) após a segunda aplicação foram contados os números de pulgões mortos e vivos. O terceiro ensaio foi conduzido em laboratório e o objetivo foi averiguar o potencial inseticida do extrato aquoso da A. americana. Os tratamentos foram concentrações de 0,125, 0,25, 0,375, 0,5 0,75 g/ml de extrato de piteira, o controle (água) e o tratamento controle com um inseticida comercial à base de deltrametrina (3 ml/l). Os tratamentos foram aplicados em discos de couve de seis cm de diâmetro contendo 20 insetos por disco. As análises foram feitas as 3, 6, 12, 24, 48 e 72 horas após aplicação dos tratamentos. As práticas e tecnologias sociais mais encontradas referem-se ao uso de extratos ou caldas de plantas utilizadas no controle de insetos, a compostagem, o manejo da vegetação espontânea. Estas tecnologias e práticas não agridem o ambiente e facilitam o trabalho sem comprometer a produção. Os espaços de socialização e intercâmbios que ocorreram com maior frequências versaram sobre estas práticas e tecnologias sociais. Os intercâmbios foram eficientes para se discutir e conhecer formas alternativas de manejo das hortas que facilitam o trabalho diário sem comprometer a produção. As limitações e problemas ambientais, econômicos e técnicos foram percebidos como oportunidades para gerar as novas práticas agroecológicas ou resgatar as que já foram utilizadas. As informações passadas dos pais aos filhos e as trocas de experiência entre os vários atores sociais possibilitam a criação e redesenho das práticas que podem ajudar no manejo das hortas. Os experimentos mostraram que a A. americana diminui a população de pulgões, sendo indicado o uso em hortas agroecológicas. Entretanto, na bibliografia consultada não foram encontradas muitas referências sobre o potencial inseticida da A. americana quando comparado com os trabalhos publicados sobre outras espécies de agaves, devendo ser, portanto objeto de aprofundamento em futuros estudos.