Biologia reprodutiva de espécies raras e ameaçadas de extinção de Dorstenia, L. (Moraceae)
Ano de defesa: | 2008 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Viçosa
BR Botânica estrutural; Ecologia e Sistemática Doutorado em Botânica UFV |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://locus.ufv.br/handle/123456789/359 |
Resumo: | Dorstenia (Moraceae) inclui representantes herbáceos que habitam os subbosques de diversos biomas brasileiros, como a Floresta Atlântica, principal área de distribuição. A maioria das espécies apresenta distribuição restrita e são consideradas raras. Inúmeras estão ameaçadas de extinção devido à perda de seus hábitats. No período de 2004 a 2007, foi estudada a biologia reprodutiva de duas espécies na Zona da Mata mineira: Dorstenia arifolia Lamarck, espécie vulnerável, mas em risco de extinção local, e Dorstenia bonijesu Carauta & Valente, espécierara e ameaçada. Estudaram-se a morfologia e biologia dos cenantos e das flores (Capítulo 1), a distribuição espacial (Capítulo 2), a fenologia (Capítulo 3) e o sistema reprodutivo (Capítulo 4) das duas espécies. Estudou-se o mecanismo de polinização de D. arifolia (Capítulo 5). As espécies não apresentaram variações morfológicas nos tecidos que compõem a inflorescência (ou cenanto). D. arifolia apresentou dois tipos de cenantos, inéditos em espécies de Dorstenia: cenantos bissexuais, com flores pistiladas e estaminadas, e unissexuais, com flores estaminadas. D. bonijesu apresentou cenantos bissexuais. As flores foram similares; as pistiladas são sésseis e ficam imersas em alvéolos profundos e as estaminadas possuem dois estames e ficam imersas em alvéolos rasos. As duas espécies são protogínicas, mas pode ocorrer sobreposição das fases feminina e masculina. A abertura das flores é centrífuga com período de receptividade de duas semanas; a viabilidade polínica é alta (>80%). As variações morfológicas observadas nos cenantos das espécies estudadas estão relacionadas à dispersão (pólen e diásporos). A dispersão dos diásporos é autocórica. D. bonijesu apresentou dispersão hidrocórica, inédita para o gênero. As espécies apresentaram padrão de distribuição agregado; índices de Morisita (Id>1) e Morisita padronizado (Ip=0,5). D. arifolia produziu, continuamente, folhas e cenantos com apenas flores; não houve correlação significativa destas fenofases com a pluviosidade e a temperatura. Devido à ação antrópica, ocorreram alterações na sua fenologia. D. bonijesu apresentou um único padrão fenológico: a espécie perdeu as folhas na estação seca e fria; a emissão foliar e de cenantos apresentaram correlações significativas com a pluviosidade e temperatura. A frutificação, nas duas espécies, ocorreu na estação chuvosa e apresentou correlação positiva com os fatores abióticos. Os dados apontaram altos valores para a sincronia de floração entre os indivíduos e entre as populações de D. arifolia e D. bonijesu. Estas espécies apresentam similaridades de hábito (são herbáceas), de hábitat (sub-bosque sombreado e úmido) e de distúrbios (fragmentação do seu hábitat). Considerou-se a hipótese de que estas espécies poderiam apresentar estratégias reprodutivas também similares. Entretanto, foram diferenciadas: D. arifolia é sexuada e produz clones (unidades modulares) e D. bonijesu produz sementes não fecundadas (apomixia ou agamospermia) e não produz clones. Este trabalho reportou a miiofilia (polinização por moscas) em Dorstenia arifolia. Foram encontradas duas espécies polinizadoras, uma delas pertencente à família Lauxaniidae (Diptera). A polinização foi passiva e os recursos utilizados foram, principalmente, o pólen e os cenantos, como local de oviposição. A mosca, morfoespécie 2, ovipõe nas flores pistiladas e suas larvas parasitam os óvulos. A mosca morfo-espécie 1 (Lauxaniidae: Diptera) ovipõe nos cenantos e suas larvas se alimentam dos tecidos do cenanto. Este é o primeiro relato comprovado de fitofagia de larvas de Lauxaniidae. Apesar das similaridades de hábitat e hábito, as respostas aos riscos relacionados à permanência das populações de D. arifolia e D. bonijesu são particulares para cada espécie, em decorrência das especificidades da biologia reprodutiva. Projetos para a conservação de espécies raras deverão considerar essas particularidades. Além disso, múltiplos aspectos da biologia da população das plantas (e dos polinizadores, quando for o caso) devem ser levados em conta para garantir o fluxo gênico e a sobrevivência das espécies nos remanescentes. |