“Onde está o meu filho?” A denúncia do desaparecimento de pessoas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: França, Paula Marcela Ferreira
Orientador(a): Souza , Dalva Maria Borges de L.D. de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Goiás
Goiânia
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Sociologia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11612/2109
Resumo: No espaço social, os eventos socialmente identificados como desaparecimentos de pessoas frequentemente geram considerações relacionadas à justiça, à dignidade, e ao bem comum, além de provocarem demandas por reconhecimento. Estas demandas, por vezes, são dirigidas exclusivamente a instituições policiais, mas há casos em que ganham a forma de protestos, nem sempre mediados por movimentos coletivos. Os protagonistas, na objetivação social do drama, costumam ser familiares das vítimas, em especial as mães. Frequentemente, as denúncias não são assumidas pelas instituições investigativas policiais ou pela justiça. Ainda assim, a pauta do desaparecimento de pessoas no espaço público ganha a forma de gramática política, marcada pela exibição de um sofrimento que se mostra incontestável e psicologicamente desestruturante. Neste trabalho, partimos dos esforços e protestos de mães e familiares de desaparecidos para terem suas denúncias aceitas pelas instituições de segurança pública, quando buscam o reconhecimento dos seus casos, por meio dos procedimentos policiais, do sistema de justiça mais amplo ou da divulgação nos veículos de comunicação. Mapeamos as gramáticas morais e políticas de denúncias de mães e familiares estudados e observamos, em documentos públicos, como estes protestos são apropriados por jornalistas, intelectuais, promotores, representantes políticos, mães que militam em ONGs e por outros agentes sociais que atuam como críticos sociais - ou seja, aqueles que articulam canais de denúncia e fundam os termos em torno dos quais se estrutura o tópico do desaparecimento de pessoas nas arenas de publicização. Observamos como, nessa dinâmica, com a intercessão dos críticos sociais, a atenção se desloca da piedade gerada pelo sofrimento das mães e familiares para sistemas e estruturas, ora apontados como os responsáveis diretos pelos desaparecimentos, nos casos de violência estatal, ora como responsáveis indiretos que falharam em ações de prevenção, de localização ou na punição de culpados.