Coinfecção Trypanosoma cruzi/HIV e reativação da Doença de Chagas em uma coorte submetida à avaliação parasitológica entre 1995 e 2019 no Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, Uberaba/Minas Gerais

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: BORGES, Sueli Noronha
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Triângulo Mineiro
Instituto de Ciências da Saúde - ICS::Curso de Medicina
Brasil
UFTM
Programa de Pós-Graduação em Medicina Tropical e Infectologia
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://bdtd.uftm.edu.br/handle/123456789/1818
Resumo: Trypanosoma cruzi é o agente etiológico da doença de Chagas que ocorre entre 6 e 8 milhões de pessoas, a maioria na América Latina. A Síndrome da imunodeficiência Humana / SIDA ou Acquired Immune Deficiency Syndrome / AIDS é uma infecção crônica degenerativa detectada, atualmente, em 38 milhões de pessoas e causada pelos vírus da imunodeficiência humana 1 (HIV-1) e 2 (HIV-2). A disseminação do HIV nas regiões endêmicas para doença de Chagas gerou a coinfecção Trypanosoma cruzi / HIV. Nesse trabalho foi avaliado o perfil da reativação da doença de Chagas em uma coorte de indivíduos com a coinfecção Trypanosoma cruzi / HIV detectada entre indivíduos chagásicos que realizaram exames parasitológicos para detecção de Trypanosoma cruzi no Hospital de Clínicas da UFTM / Uberaba / Minas Gerais entre 1995 e 2019. A coinfecção foi identificada em 6,6% (99/1501) desses indivíduos, os quais apresentaram média de idade de 51,6 ± 10,5 anos, sem diferença em relação aos gêneros e idade (p>0,05). Esses foram procedentes, sobretudo, dos Estados de Minas Gerais (64,6%) e São Paulo (24,2%). No grupo de indivíduos coinfectados não houve diferença significativa entre as médias de LT-CD4+ nos gêneros masculino e feminino (p=0,17), porém, a carga viral foi menor no gênero masculino (p=0,0208). A reativação da doença de Chagas ocorreu em 23,2% (23/99) dos indivíduos, com taxa de reativação de 24,2% (24/99), 2 reativações/1caso. O parasito foi detectado no sangue em 54,2%, no sangue e líquor em 29,1% e no líquor em 16,7%. Entre os indivíduos reativados não houve diferença entre a distribuição de acordo com o gênero (p> 0,05) e média de idade, contudo, em relação aos não reativados apresentaram média de idade mais elevada (p=0,024). A taxa de mortalidade foi maior (p= 0,0050) no grupo com reativação e foi associada à invasão no sistema nervoso central em 71,4% dos casos, ao gênero feminino (p= 0,0017), LT-CD4+ < 200 células/mm3 e carga viral mais elevada. A contagem de LT-CD4+ no grupo de não reativados foi mais elevada em relação ao grupo de reativados (p= 0,0186). A distribuição da carga viral entre os indivíduos com reativação e sem reativação não apresentou diferença, porém, o valor de p ficou no limiar da significância (p= 0,0510). Em relação à distribuição por gênero, verificou-se que, a média de LT-CD4+ no grupo de reativados foi menor (p=0,0109) no gênero masculino, sem diferença (p>0,05) em relação a carga viral. No grupo de não reativados a média de LT-CD4+ não apresentou diferença entre os gêneros (p=0,4480), entretanto a carga viral foi menor no masculino (p=0,0462). Os indivíduos coinfectados apresentaram 47,3% das amostras de hemoculturas positivas, associadas à carga viral mais elevada e menor contagem de LT-CD4+ (p<0,0001), e as negativas à níveis mais elevados de LT-CD4+ e menor carga viral. A positividade na hemocultura foi mais elevada (p=0,0008) entre as amostras dos indivíduos reativados (63,1%) do que entre os não reativados (40,9%), o grupo reativado apresentou menor contagem de LT-CD4+ e maior carga viral que o não reativado. Na coinfecção Trypanosoma cruzi / HIV foram identificados três perfis de reativação da doença de Chagas de acordo com os valores de LT-CD4+ e carga viral: Grupo A: sem imunossupressão (LT-CD4+ > 204 células/mm3) e carga viral baixa/moderada; Grupo B: imunossupressão (LT-CD4+ ≤ 215 células/mm3) e carga viral elevada; Grupo C: imunossupressão (LT-CD4+ < 200 células/mm3) e carga viral baixa/moderada. Os dados encontrados abrem novas perspectivas para melhor classificação e monitoramento da reativação da doença na coinfecção Trypanosoma cruzi / HIV-AIDS.