Autismo, sexualidade e parentalidade: uma análise lacaniana dos discursos de familiares
Ano de defesa: | 2020 |
---|---|
Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal do Triângulo Mineiro
Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação Brasil UFTM Programa de Pós-Graduação em Psicologia |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
|
Departamento: |
Não Informado pela instituição
|
País: |
Não Informado pela instituição
|
Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://bdtd.uftm.edu.br/handle/123456789/1537 |
Resumo: | De acordo com a perspectiva psicanalítica, a família é uma unidade simbólica formada por laços afetivos entre sujeitos que desempenham papéis de acordo com funções distribuídas entre eles. Interpelado pela lei-paterna, o desejo materno e o objeto a, esse agrupamento tem como objetivo fundamental a transmissão psíquica, e o faz através da repressão dos instintos e da transmissão da linguagem. Encarada como o primeiro grupo de pertencimento, a família é um dispositivo certeiro no que concerne à constituição do sujeito. Desde antes do nascimento a criança é suportada pelo imaginário daqueles que sustentam as funções maternas e paternas, e ao chegar no mundo, é abordada por significantes que lhe atravessam e a enlaçam na cultura. Portanto, a maneira como a família constrói laços entre si e com o meio influencia diretamente no desenvolvimento psíquico e social desse ser, o que se dá de modo peculiar em casos que comportam o enfrentamento de um diagnóstico. Diante dessas questões, este estudo objetivou analisar os discursos sobre autismo, sexualidade e parentalidade produzidos por familiares de autistas, a partir de duas perspectivas: no Estudo 1 investigando os efeitos do autismo na parentalidade a partir dos discursos de familiares de autistas, e no Estudo 2 investigando os efeitos de sentido sobre sexualidade em familiares de autistas. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, exploratória, de corte transversal e de casos múltiplos. Participaram do estudo oito mães, três pais, dois irmãos e um avô de adolescentes tidos como autistas e ainda, dois adolescentes diagnosticados com autismo. Este estudo não objetivou abranger o núcleo familiar propriamente dito, portanto, não foi necessário que toda a família participasse. A coleta de dados foi realizada por meio de entrevistas semiabertas, com roteiros específicos para cada grupo de membros participantes. Os participantes foram contatados através de uma ONG localizada em uma cidade de médio porte no interior de Minas Gerais que atende familiares de autistas. Os participantes que se adequavam aos critérios de inclusão foram convidados a participar de uma entrevista individual realizadas em uma sala reserva da ONG. As entrevistas foram audiogravadas, mediante consentimento, e transcritas na íntegra para análise. Posteriormente os dados foram agrupados por tipos de membros da família considerando os aspectos dos estudos de casos múltiplos. Após transcritas, as entrevistas foram analisadas a partir da teoria dos quatro discursos de Jacques Lacan, tendo como base os princípios do paradigma indiciário. Constatou-se que o significante “autismo” ocupa lugar de mestria sendo referência para a família manter sua ordem e o reconhecimento social: as mães fazem uso do semblante materno enquanto Outro que assegura o laço entre os membros da família e com a comunidade; enquanto os pais aparecem como coadjuvante no cuidado ao filho diagnosticado se ocupando do trabalho externo - dinâmica que reitera tradicionalismos de gênero na parentalidade. As mães, pais, irmãos e avô, através de discursos que sustentam o saber da ciência reproduzem ideais românticos e heteronormativos, incluindo discursos sobre a biologia dos corpos que justificariam a normalidade/naturalidade de sentidos sobre a sexualidade – discursos que promovem a universalização e, consequentemente, a segregação dos corpos. A particularidade dos discursos dos autistas em conjunto com o discurso do analista traçado pelos irmãos e pesquisadora, colaborou com a construção de um saber próprio da singularidade. |