Caracterização da perfusão miocárdica e remodelamento ventricular em modelo experimental de hipertensão arterial crônica
Ano de defesa: | 2020 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal do Triângulo Mineiro
Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação Brasil UFTM Programa de Pós-Graduação em Fisioterapia |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://bdtd.uftm.edu.br/handle/123456789/1154 |
Resumo: | Caracterização da perfusão miocárdica e remodelamento ventricular em modelo experimental de hipertensão arterial crônica. 2020. 76f. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Triângulo Mineiro, Uberaba, 2020. Introdução: A hipertensão arterial (HA) é uma condição clínica multifatorial caracterizada pelo aumento mantido dos níveis pressóricos. Ela é considerada um dos principais fatores de risco para doenças cardiovasculares, cerebrovasculares e renais. A HA crônica cursa com lesões em órgãos-alvo, entre eles o coração, que pode evoluir para hipertrofia concêntrica do ventrículo esquerdo e, em alguns casos, evolui para disfunção sistólica. Uma vez que defeitos de perfusão miocárdica, bem como alterações na função ventricular sistólica, estão frequentemente associados à cardiopatia hipertrófica, secundária à hipertensão arterial crônica, esperamos registrar, inicialmente, a presença de defeitos de perfusão in vivo, por meio da cintilografia de perfusão miocárdica, assim como o remodelamento do ventrículo esquerdo, em modelo experimental de HA. Objetivos: Caracterizar a perfusão miocárdica e as alterações morfológicas do ventrículo esquerdo em um modelo experimental de hipertensão arterial crônica de ratos Spontaneously Hypertensive Rat (SHR) e correlacionar as alterações de perfusão miocárdica com as alterações morfológicas encontradas no ecocardiograma em animais SHR. Métodos: Foram utilizados ratos de 22 semanas, mantidos em alojamento climatizado no biotério do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – USP, alocados em Grupo Controle (GC, n = 10): ratos Wistar Kyoto, normotensos, de 12 semanas de vida e Grupo de Investigação (SHR, n = 10) e ratos espontaneamente hipertensos SHR, de 12 semanas de vida. Na janela temporal de 22 semanas de idade dos grupos estudados, todos os animais foram submetidos à análise da pressão arterial sistólica (PAS), pelo método pletismográfico de cauda; em seguida, cada um dos grupos foi submetido aos seguintes exames de imagem in vivo: Doppler-ecocardiograma (ECO) e cintilografia de perfusão miocárdica com Sestamibi-Tc-99m (mini-SPECT), em repouso e sob estresse. A indução do estresse cardíaco foi feita pela infusão do cloridrato de dobutamina, com dose de 25 µg/Kg/min, durante um minuto de infusão. Os parâmetros morfológicos avaliados foram diâmetro sistólico e diastólico final do ventrículo esquerdo, espessura da parede posterior do ventrículo esquerdo em sístole e diástole, espessura do septo interventricular em sístole e diástole, índice de massa do ventrículo esquerdo e espessura relativa da parede ventricular. Os parâmetros funcionais avaliados foram fração de ejeção e encurtamento do ventrículo esquerdo. Os defeitos de captação nas imagens de repouso e estresse foram semiquantificados, mediante atribuição de escores visuais (0 = normal; 1 = defeito leve; 2 = defeito moderado; e 3 = defeito grave), em modelo de 17 segmentos das paredes do ventrículo esquerdo. Para cada animal foram calculados escores somados nas imagens de repouso, estresse e diferença entre o estresse e o repouso para avaliação da extensão global da reversibilidade (isquemia) e a gravidade, medidas através do escore da diferença. Resultados: O grupo SHR apresentou valores significativamente maiores da PAS (160 ± 20,09 mmHg) em comparação ao GC (109,63 ± 20,53 mmHg); p=0,0001, do mesmo modo na frequência cardíaca (FC), tendo o SHR (232,92 ± 18,82 bpm) em comparação com o GC (187,06 ± 19,64 bpm); p=0,0001. Com a infusão da dobutamina, foi observado incremento significativo da FC em ambos os grupos: no GC o aumento foi de 201,4 ± 22,6 bpm para 267,6 ± 17,9 bpm (p=0,001) e no SHR de 203,0 ± 22,6 bpm para 255,8 ± 36,4 bpm (p=0,001). Entre os grupos estudados não foi observada diferença significativa no incremento da FC devido à infusão de dobutamina. Os parâmetros morfológicos observados no ECO documentaram um remodelamento cardíaco, com discreta hipertrofia ventricular esquerda do tipo concêntrica, no grupo SHR em comparação ao GC, que se apresentou mediante valores significativamente diferentes nas seguintes variáveis: diâmetro sistólico final do ventrículo esquerdo (GC = 5,09 ± 0,45 mm vs SHR 4,57 ± 0,55 mm; p=0,03), septo interventricular em sístole (GC = 2,73 ± 0,24 mm vs SHR 3,18 ± 0,19 mm; 0,0002), e septo interventricular em diástole (GC = 1,69 ± 0,17 mm vs SHR 1,98 ± 0,21 mm; p=0,003). Não houve diferença significativa na função sistólica ventricular entre os grupos controle e SHR. Foi observado um maior e significativo valor nos escores, somado em estresse do grupo SHR (14,3 ± 6,9) em comparação ao GC (7,4 ± 4,9), p=0,01, e o escore somado da diferença SHR (8,9 ± 5,3) e GC (3,9 ± 3,5), p=0,02. A extensão global da isquemia foi significativamente maior no grupo SHR (7,0 ± 3,1 segmentos) do que no GC (3,1 ± 2,6 segmentos), p=0,008. O número de segmentos com defeitos isquêmicos foi significativamente maior no SHR (71 segmentos) em comparação ao GC (30 segmentos), p=0,01. A gravidade dos defeitos isquêmicos foi documentada pela presença de defeitos leves e moderados, com extensão entre os segmentos basais, médio ventriculares e apicais no SHR, enquanto no GC os defeitos isquêmicos estavam mais evidentes nos segmentos basais e médio ventriculares. Não houve correlação significativa entre os grupos estudados. Conclusões: O estudo conduzido com ratos espontaneamente hipertensos mostrou alterações morfológicas de remodelamento cardíaco, marcando a fase inicial da hipertrofia do ventrículo esquerdo, associado com função ventricular sistólica preservada. De maneira original os defeitos de perfusão miocárdica in vivo foram documentados, caracterizados por defeitos isquêmicos difusos, apresentando-se como defeitos leves e moderados. Na fase da evolução da doença em que os grupos foram estudados (22 semanas de vida), não foi possível documentar correlação significativa entre os defeitos de perfusão miocárdica e o remodelamento ventricular. |