Estudo de genótipo eritrocitário em doadores de sangue e em 10 politransfundidos pelo Hemocentro Regional de Uberaba/ Fundação Hemominas e Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM)
Ano de defesa: | 2010 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal do Triângulo Mineiro
Instituto de Ciências da Saúde - ICS::Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde Brasil UFTM Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://bdtd.uftm.edu.br/handle/tede/678 |
Resumo: | Introdução: Pacientes com hemoglobinopatias, doenças onco-hematológicas e outros politransfundidos estão sujeitos à aloimunização eritrocitária, reações hemolíticas e até8 mesmo de óbito, devido à alta quantidade de antígenos eritrocitários que pode resultar em incompatibilidades entre doadores de sangue e pacientes. Tais complicações podem ser minimizadas pela genotipagem eritrocitária que, entretanto, ainda é pouco realizada no Brasil. A frequência dos genótipos eritrocitários varia de acordo com a etnia; porém, estes estudos, comuns em São Paulo e no Paraná, não têm sido realizados em Minas Gerais, onde negros e pardos são mais prevalentes. Objetivos: pesquisar e determinar a frequência de genótipos dos sistemas Rh, Kell, Duffy e Kidd em doadores de sangue e politransfundidos, comparar frequências com relação ao gênero e etnia, avaliar os fenótipos, comparando-os aos genótipos; nos pacientes: verificar o número de transfusões de concentrados de hemácias (CH) (total e nos três meses prévios às coletas sanguíneas), o número de transfusões incompatíveis aos genótipos, a presença de aloanticorpos e o número de transfusões em aloimunizados e não aloimunizados. Metodologia: Após consentimento, amostras sanguíneas foram coletadas de 287 indivíduos (170 doadores e 117 pacientes) em tubos com EDTA (Ácido Etilenodiamino Tetra-Acético), os quais foram centrifugados, separando-se os elementos figurados do plasma. As hemácias foram fenotipadas para os antígenos C, c, E, e (sistema Rh); K, k (Kell); Fya, Fyb (Duffy) e Jka, Jkb (Kidd). Os pacientes foram também submetidos ao Teste da Antiglobulina Direta (TAD). O DNA foi extraído dos leucócitos e submetido à genotipagem eritrocitária (PCR-AS, Multiplex ou RFLP) para os alelos RHD, RHD*Ψ - RHD Pseudogene, RHCE*C/c, E/e (sistema Rh); KEL*1/2 (Kell); FY*A/B, GATA-1 (Duffy) e JK*A/B (Kidd). Dados clínicos e epidemiológicos foram coletados, armazenados e comparados pelos testes MannWhitney, Qui-quadrado e Exato de Fisher (nível de significância 5%). Resultados: Nos doadores e pacientes, os genótipos mais frequentes foram: sistema Rh (RHD pos., RHD*Ψ neg., RHCE*cc, RHCE*ee); Kell (KEL*2/KEL*2); Duffy (FY*B/FY*B, GATA-67t/t); Kidd (JK*A/JK*B). A mutação GATA-67c/c foi encontrada em 22,22% dos pacientes e 7,65% dos doadores (p = 0,002). Na comparação entre doadores e pacientes com anemia falciforme, o RHD*Ψ foi observado em 4,76% destes últimos e 0% dos doadores (p = 0,027); diferenças significantes também ocorreram na região GATA-1 e sistema Kidd. Quanto ao gênero, nos doadores, GATA-67c/c em 12,94% dos homens e 2,35% das mulheres (p = 0,034). Na população total estudada, os genótipos RHD positivo, RHCE*cc, FY*B/FY*B, GATA-67c/c e JK*A/JK*A foram os mais comuns em negros; RHD negativo, RHCE*Cc, FY*A/FY*A, GATA-67t/t, JK*A/JK*B e JK*B/JK*B nos brancos. Discrepâncias genótipo(s)/fenótipo(s) foram observadas em quatro doadores (2,35%) e 42 pacientes (35,90%); estes indivíduos receberam mais transfusões de CH (total e nos três meses prévios às coletas sanguíneas), incluindo eritrócitos com fenótipos incompatíveis aos seus genótipos, em comparação aos9 pacientes sem discrepâncias; diferenças significantes foram observadas em todos estes casos. TAD positivo ocorreu em 50% dos receptores com discrepâncias e em 17,33% dos outros pacientes (p < 0,001). Aloimunização foi encontrada em 23 (19,66%) receptores, dentre os quais, 13 (56,52%) apresentaram aloanticorpos do sistema Rh. Dos 42 pacientes com discrepâncias, seis (14,29%) tinham histórico de aloimunização e três (7,14%) apresentaram Teste da Antiglobulina Indireta (TAI) positivo após coleta sanguínea e detecção de discrepâncias. A mediana de transfusões de CH foi nove nos aloimunizados e 7,5 nos não aloimunizados (p = 0,081). Conclusões: Muitas diferenças genotípicas foram observadas em comparação a outros trabalhos realizados em São Paulo e Paraná, o que reforça a importância deste estudo em diferentes regiões do país. Quanto à mutação GATA-67c/c, sua maior frequência nos pacientes se deve ao maior número de negros neste grupo, o que também pode explicar os maiores percentuais não apenas desta mutação como também de RHD*Ψ e JK*A/JK*A nos portadores de anemia falciforme em relação aos doadores. Nos doadores do gênero masculino, a maior frequência de GATA-67c/c foi possivelmente devido à alta miscigenação no Brasil. A associação entre TAD positivo e as discrepâncias observadas corroboram a necessidade de realização deste teste em todos os politransfundidos submetidos à fenotipagem. O grande número de discrepâncias genótipos/fenótipos nestes indivíduos reforça a importância da definição correta de seus perfis antigênicos através da genotipagem associada à fenotipagem, uma firme e efetiva atuação dos Comitês Transfusionais e de políticas que levam a um aumento das doações sanguíneas no país, reduzindo a transfusão de eritrócitos incompatíveis e consequentemente minimizando os riscos de aloimunização, reação hemolítica pós-transfusional e até mesmo óbito em politransfundidos. |