Avaliação do efeito da saliva de triatomíneos (Heteroptera: Reduviidae) sobre a biologia de células dendríticas murinas
Ano de defesa: | 2014 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal do Triângulo Mineiro
Instituto de Ciências da Saúde - ICS::Curso de Medicina Brasil UFTM Programa de Pós-Graduação em Medicina Tropical e Infectologia |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://bdtd.uftm.edu.br/handle/123456789/1815 |
Resumo: | Triatomíneos são artrópodes hematófagos de grande interesse médico, por serem vetores do Trypanosoma cruzi. Durante a alimentação eles precisam vencer duas grandes barreiras impostas pelo sistema de defesa dos seus hospedeiros, o sistema hemostático e o sistema imune. Na tentativa de subverter as barreiras hemostáticas, é sabido que a saliva desses insetos, inoculada durante a hematofagia, contém inúmeras moléculas bioativas, no entanto, poucas moléculas com atividade sobre a barreira imune foram caracterizadas. Células dendríticas (CDs), presentes na pele de todos os vertebrados, são células fundamentais da resposta imune inata e desempenham papel crucial na indução da resposta imune adquirida, inclusive contra artrópodes hematófagos, é de grande interesse compreender se os triatomíneos evadem das respostas por modular essas células. Assim, o objetivo deste trabalho foi investigar o efeito da saliva dos triatomíneos Panstrongylus herreri, Meccus pallidipennis, Triatoma lecticularia e Rhodnius prolixus sobre a diferenciação, maturação (expressão de moléculas estimuladoras e co-estimuladoras e produção de citocinas) e apoptose de CDs. Além disso, tentamos identificar se a saliva das espécies de triatomíneos possuíam prostaglandina E2 (PGE2) em sua constituição. A saliva dos triatomíneos adultos foi obtida através da dissecção das glândulas salivares e as CDs foram obtidas a partir da diferenciação de células precursoras da medula óssea na presença de GM-CSF (25 ng/mL). A influência da saliva na diferenciação em CDs (expressão de marcadores moleculares CD11c, CD11b, MHC-II, CD40 e CD86 por citometria de fluxo) foi analisada através da incubação de células tronco de camundongos C57BL/6 durante 7 dias na presença da saliva das diferentes espécies. Para avaliação da maturação, CDs já diferenciadas foram estimuladas com LPS na presença ou não de saliva e avaliadas por citometria, para a expressão das moléculas MHC-II, CD40, CD80 e CD86 ou pelo método de ELISA, para a produção de citocinas TNF-α, IL-12p40, IL- 10 e IL-6. A diferenciação das CDs foi inibida pela saliva das espécies de triatomíneos testadas e essa atividade inibitória (diluição 1:30 v/v) foi de 79% para a espécie P. herreri, 57% para M. pallidipennis, 38% para T. lecticularia e 76% para R. prolixus. A expressão das moléculas MHC-II, CD40 e CD86 nas CDs diferenciadas na presença de saliva foi modulada diferencialmente nas diferentes espécies. Em relação à maturação, a saliva inibiu diferencialmente a expressão de MHC-II, CD40, CD80 e CD86 nas CDs estimuladas com LPS - ligante de Toll-Like receptor 4, sendo que a molécula CD40 foi a única inibida pelas quatro espécies. Com exceção da saliva do R. prolixus que induziu IL-6, a produção das citocinas TNF-α, IL-12 e IL6 foi inibida e a produção da IL-10 foi aumentada pela saliva das espécies testadas. Vale ressaltar que a saliva, per se, dependendo da espécie, induziu a produção das citocinas IL-12, IL-6 e IL-10 em CDs. A única saliva que induziu apoptose nas CDs, foi a da espécie R. prolixus. A presença de prostaglandina-E2 (PGE2) na saliva dos triatomíneos não foi detectada. Esses resultados demonstram que a saliva dos triatomíneos possui moléculas capazes de modular a biologia de CDs e este efeito é independente da presença de PGE2. A diminuição na diferenciação, a modulação de moléculas estimuladoras e co-estimuladoras, a inibição da produção de citocinas pró-inflamatórias e a indução de IL-10, além de gerar um ambiente muito menos agressivo para a alimentação pode também favorecer a transmissão de patógenos, incluindo o T. cruzi. |