Avaliação antropométrica, metabólica e da função gonadal em adolescentes e mulheres adultas jovens acompanhadas desde a infância devido à adrenarca precoce
Ano de defesa: | 2018 |
---|---|
Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal do Triângulo Mineiro
Instituto de Ciências da Saúde - ICS::Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde Brasil UFTM Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
|
Departamento: |
Não Informado pela instituição
|
País: |
Não Informado pela instituição
|
Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://bdtd.uftm.edu.br/handle/tede/973 |
Resumo: | Adrenarca precoce (AP) idiopática é definida como o aparecimento de sinais androgênicos antes dos 8 anos de idade em meninas e 9 anos em meninos na ausência de puberdade verdadeira, defeitos enzimáticos esteroidogênicos e tumores virilizantes. Até finais dos anos 90, a AP era considerada uma variante benigna do desenvolvimento puberal sem necessidade de acompanhamento especial ou tratamento. Posteriormente, vários estudos têm correlacionado a AP com componentes da síndrome metabólica (SM) e alguns com vários outros distúrbios, incluindo hiperandrogenismo funcional. O objetivo desta pesquisa é investigar anormalidades hormonais e metabólicas na evolução de pacientes que foram assistidas devido à AP, considerando que essa condição predispõe a anormalidades hormonais, aumentando a probabilidade de desenvolvimento da síndrome dos ovários policísticos (SOP), SM, diabetes mellitus tipo 2, hipertensão arterial sistêmica (HAS) e condições relacionadas a maior risco cardiometabólico. Foram incluídas no estudo adolescentes e mulheres adultas jovens que tiveram diagnóstico prévio de adrenarca precoce e foram excluídas as pacientes com hiperplasia adrenal congênita, puberdade precoce verdadeira e outras condições endocrinológicas que pudessem interferir no diagnóstico em questão e também aquelas pacientes que não haviam completado seu desenvolvimento e maturação sexual e que ainda não atingiram sua estatura final, totalizando 34 pacientes para análise. Para avaliação clínica, foi realizado exame físico completo, que constou de avaliação de peso, estatura, cálculo do índice de massa corporal (IMC), medida de circunferência abdominal, aferição de pressão arterial, avaliação de estadiamento puberal, avaliação da presença de acne e acantose nigricans, e avaliação do escore de Ferriman e Gallwey. Foram coletados os seguintes exames para avaliação metabólica: glicemia de jejum (GJ), insulina basal (IB), hemoglobina glicada (HbA1c), colesterol total (CT), triglicérides (TG), HDLcolesterol(HDL-c), LDL- colesterol (LDL-c), NÃO-HDL colesterol (NÃO-HDL-c), VLDLcolesterol (VLDL-c), e a partir desses exames, também foram calculados a relação insulina/Glicemia (INS/GJ), o índice HOMA-IR, e a relação triglicérides/ HDL (TG/HDL). Também foram colhidos os seguintes exames para avaliação hormonal: hormônio luteinizate (LH), hormônio folículo estimulante (FSH), estradiol, hormônio tireoestimulante (TSH), hormônio tiroxina livre (T4L), testosterona total, 17 α hidroxiprogesterona (17 α OHP), androstenediona (Δ4), sulfato de dehidroepiandrosterona (DHEAS). A presença de SOP foi definida tanto pelos critérios do Consenso de Rotterdam, quanto pelos critérios da Androgen Excess Society. A presença de SM foi definida pelos critérios da Federação Internacional de Diabetes. Por se tratar de um estudo de caráter descritivo, as variáveis de interesse foram inicialmente submetidas à análise descritiva, sendo as variáveis numéricas expressas a partir de medidas de centralidade e dispersão. Foi utilizado o teste de Shapiro-Wilk para verificação da normalidade das variáveis, enquanto a homogeneidade das variáveis dos dados de interesse foi verificada pelo teste de Levene. As correlações entre duas variáveis numéricas foram analisadas a partir de coeficientes de correlação linear de Pearson ou Spearman. O nível de significância para a realização de todos os procedimentos inferenciais foi de 5%. Os programas computadorizados Statistica, IBM SPSS STATISTIC 20, bem como Primer of Statistic foram utilizados. O banco de dados foi digitado no programa Excel. A mediana da idade das pacientes foi de 20 anos e 3 meses, 2,94% das pacientes apresentavam baixo peso, 61,77% apresentavam-se eutróficas, 23,53% apresentavam sobrepeso e 11,76% apresentavam obesidade. A cintura abdominal apresentava-se alterada em 29,42% das pacientes e 8,82% das pacientes foram categorizadas como hipertensas. Nos casos em que escore de Ferriman e Gallwey foi avaliado (n=20), 55% das pacientes mostraram-se com hirsutismo (escore≥ 8). A acne ocorreu em 38,23% das pacientes e acantose em 14,70%. Com relação às medidas de glicose, nenhuma paciente apresentou alterações, entretanto, 5,88% apresentavam hemoglobina glicada alterada, compatível com intolerância à glicose. A hiperinsulinemia de jejum foi constatada em 29,41% das pacientes e alteração da relação insulina/ glicemia em 5,88% dos casos. O marcador de resistência insulínica HOMA-IR esteve aumentado em 38,23 % dos casos e a relação TG/HDL em 8,82% das pacientes. Com relação ao metabolismo lipídico, 14, 70% das pacientes apresentavam concentrações séricas do colesterol totalelevado, 5,88% das pacientes apresentavam triglicerídeos elevados e 14,70% das pacientes apresentavam HDL-c baixo. A relação LH/FSH foi sugestiva de SOP em 26,47% das pacientes, a testosterona estava aumentada em 11,76% das pacientes, a concentração de SDHEA estava aumentada em 8,82% das pacientes e 23,52% das pacientes apresentavam concentrações de 17 α hidroxiprogesterona aumentada. Usando as classificações propostas, a presença de SOP, foi constatada em 41,17% das pacientes. Utilizando-se a classificação do IDF, encontramos que 2,94% das pacientes apresentavam síndrome metabólica. Perante os resultados, questiona-se o comportamento benigno da AP. No presente estudo, a presença de SOP foi de 41,17%, sendo mais elevada do que na população geral. Portanto, a intervenção precoce em meninas adolescentes com AP, visando diagnosticar SOP, fatores de risco metabólicos e SM, poderia reduzir o risco de desenvolvimento de diabetes e doenças cardiovasculares, no futuro. |