Vivências de familiares que cuidam de pessoas com doença crônica em domicílio

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: OLIVEIRA, Julia de Paula
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Triângulo Mineiro
Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação
Brasil
UFTM
Programa de Pós-Graduação em Psicologia
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://bdtd.uftm.edu.br/handle/123456789/1407
Resumo: As doenças crônicas podem ser ocasionadas por múltiplos fatores e, apesar da evolução dos tratamentos médicos, o aumento da incidência dessas doenças é gradativo, tanto em âmbito nacional quanto internacional. Visando a continuidade do atendimento fora do âmbito hospitalar direcionado à população com adoecimento crônico, surgiu no Brasil, na década de 1960, o Serviço de Atenção Domiciliar (SAD) que se caracteriza por um conjunto de ações de promoção à saúde oferecido na moradia do doente. Mesmo que o paciente seja o eixo central da reabilitação disponibilizada pelo SAD, os familiares têm importância relevante nesse processo, visto que são eles os responsáveis pelos cuidados do paciente. O objetivo geral da dissertação, dividida em dois estudos, foi o de compreender os sentidos do cuidar para familiares que cuidam de entes queridos em domicílio. O objetivo do Estudo 1 foi compreender como o cuidador familiar lida com o processo de cuidar de uma pessoa com doença crônica. O Estudo 2 objetivou identificar e descrever as percepções do cuidador sobre o funcionamento e a eficácia do SAD. Trata-se de estudos exploratórios, transversais e descritivos, de abordagem qualitativa. Para a coleta de dados, foram incluídos familiares cuidadores de pacientes, com idade entre 18 e 59 anos, em acompanhamento pelo SAD. Participaram da pesquisa dez familiares, do sexo feminino, com idades entre 28 e 65 anos, assistidos pelo SAD. Na coleta dos dados, as cuidadoras familiares, ao se verem diante desse processo de imersão de cuidados, relataram sentimentos de angústia, medo, insegurança, impotência e isolamento. Expuseram que o SAD consegue auxiliá-las na orientação dos cuidados de rotina do paciente, porém, relataram uma relação conflituosa com a equipe de profissionais do SAD referentes à falta de apoio e de escuta qualificada. Na análise dos dados foi possível perceber que o cuidador está sendo visto e tratado apenas como um simples executor de procedimentos, tendo a obrigação de atender de forma unilateral o que é prescrito pela equipe do SAD. Como observado, essa situação produz tensão e os cuidadores não possuem espaço para questionamentos, o que leva a perceber que o cuidado em domicílio ofertado pelo SAD está mais alinhado aos pressupostos do modelo biomédico de cuidado em saúde, visto que os profissionais do SAD atuam com o olhar voltado para a sintomatologia do paciente com DCNT. Nesse aspecto, visando melhorar o ambiente para o cuidado, é essencial uma boa parceria entre a equipe de saúde e o cuidador, pois é importante que os profissionais do SAD não apenas orientem e supervisionem na execução dos cuidados ao paciente, mas que ofereçam suporte, monitoramento e escuta das demandas, tendo em vista o momento vivenciado pelo familiar. Ressalta-se a importância de voltar a atenção aos cuidadores, buscando analisar as barreiras físicas, emocionais e sociais envolvidas no ato de cuidar, pois a família, apresentada neste estudo como principal agente de produção de cuidados e proteção, também precisa ser cuidada.