Avaliacao da funcao ventricular esquerda e da perfusao miocardica em repouso e estresse, em modelo de ratos espontaneamente hipertensos
Ano de defesa: | 2022 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal do Triângulo Mineiro
Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação Brasil UFTM Programa de Pós-Graduação em Fisioterapia |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://bdtd.uftm.edu.br/handle/123456789/1499 |
Resumo: | Introdução: A hipertensão arterial é uma doença crônica que apresenta diferentes fatores fisiopatológicos, caracterizada pelo aumento persistente da pressão arterial sistólica ≥ 140 mmHg e pressão arterial diastólica ≥ 90 mmHg, provocando lesões em órgãos-alvos, como o cérebro, rins, vasos sanguíneos e coração, agravando problemas já existentes e/ou induzindo o surgimento de novas patologias. Em 2017, no Brasil, a hipertensão arterial foi associada a 45% das mortes cardíacas provocadas por doença arterial coronariana e insuficiência cardíaca, além de estar presente em 51% das mortes por doenças cerebrovasculares, gerando altos gastos para os cofres públicos. Estudos que utilizam ratos como modelo experimental são de grande importância, pois nos permitem investigar os mecanismos fisiológicos de doenças, possibilitando também testar novos tratamentos, somado a isto, alguns modelos de ratos apresentam o sistema circulatório parecido com o de humanos. O rato espontaneamente hipertenso (SHR) apresenta o desenvolvimento da hipertensão arterial semelhantes aos humanos, pois esse modelo genético faz com que a doença evolua naturalmente conforme o animal vai envelhecendo e nas fases mais avançadas da doença, idade adulta e idosa do animal, apresenta lesões em órgãos-alvos como coração. A evolução da hipertensão no SHR cursa com o desenvolvimento de hipertrofia concêntrica do ventrículo esquerdo, alteração do relaxamento ventricular, associado à disfunção diastólica, aumento da frequência cardíaca, surgimento de fibrose miocárdica, evoluindo para disfunção sistólica com fração de ejeção reduzida. Desse modo, um estudo conduzido com imagens de perfusão miocárdica e função ventricular esquerda in vivo poderia ser utilizado de forma satisfatória para investigar a influência da isquemia miocárdica, disfunção ventricular e hipertrofia ventricular esquerda, secundária a hipertensão arterial crônica, na evolução da doença, em especial, nas fases mais avançada da vida do animal, que é o momento na qual a doença gera mais danos a órgão-alvos, como o coração. Objetivos: Avaliar o remodelamento ventricular esquerdo e a perfusão miocárdica, em repouso e sob estresse farmacológico com o dipiridamol, em um modelo experimental de hipertensão arterial crônica, em ratos SHR. Métodos: Foram utilizados ratos Wistar Kyoto (WKY – 10 ratos) e Espontaneamente Hipertenso (SHR – 10 ratos) com 44 semanas de idade, mantidos em alojamento climatizado no biotério da Universidade de Uberaba – UNIUBE, com livre acesso a água e ração padrão, submetidos a ritmo de 12 horas de luz/sombra e temperatura controlada (22 ± 2 ºC). Ao completarem 44 semanas de vida foram submetidos à medida da pressão arterial pelo método pletismográfico de cauda em repouso e em seguida foram submetidos aos seguintes exames de imagem in vivo: Doppler-ecocardiograma e cintilografia de perfusão miocárdica de alta resolução com Sestamibi-Tc-99m (SPECT de alta resolução) em repouso e sob estresse farmacológico com dipiridamol (4 mg/kg/min por 10 minutos). Os parâmetros morfológicos avaliados foram diâmetro sistólico e diastólico final do ventrículo esquerdo, espessura da parede posterior do ventrículo esquerdo em sístole e em diástole, espessura do septo interventricular em sístole e em diástole, índice de massa do ventrículo esquerdo, espessura relativa da parede ventricular. Os parâmetros funcionais avaliados foram fração de ejeção e encurtamento do ventrículo esquerdo. Os defeitos de captação nas imagens de repouso e estresse foram semiquantificados, mediante atribuição de escores visuais (0 = normal; 1 = defeito leve; 2 = defeito moderado; e 3 = defeito grave), no modelo de 17 segmentos das paredes do ventrículo esquerdo. Para cada animal foram calculados os escores somados nas imagens de repouso, estresse e a diferença entre o estresse e o repouso para avaliação da extensão global da reversibilidade (isquemia) e a gravidade, medidas através do escore da diferença. Ao final do período de exames de imagem e medidas da pressão arterial, os animais foram eutanasiados para retirada de soro e plasma sanguíneo, colocado em alíquotas, congelado e armazenado em temperatura de -20ºC, para analises futuras. Resultados: O grupo WKY (373,0 ± 21,1 g) apresentou o peso corporal significativamente maior (p=0,01) do que o grupo SHR (349,3 ± 16,8 g). Nas análises da pressão arterial sistólica e da frequência cardíaca, foi observado que o grupo SHR (184,9 ± 14,6 mmHg e 240,4 ± 13,8 bpm) apresentou valores significativamente maiores (p = 0,0001) do que o grupo WKY (111,8 ± 13,1 mmHg e 204,3 ± 15,04 bpm). Nas análises ecocardiográficas, observou-se fração de ejeção do ventrículo esquerdo preservada em ambos os grupos, mas o valor do grupo SHR (77,12 ± 5,64 %) foi significativamente maior (p = 0,008) em comparação com o grupo WKY (70,08 ± 4,52 %). Foi observado que o grupo SHR (3,44 ± 0,60 mm e 6,33 ± 0,46 mm) apresentou diâmetro sistólico final do ventrículo esquerdo (p = 0,0003) e diâmetro diastólico final do ventrículo esquerdo (p = 0,0002) significativamente menores do que o grupo WKY (4,44 ± 0,32 mm e 7,33 ± 0,45 mm). Por outro lado, o grupo SHR apresentou valores significativamente maiores da parede posterior do ventrículo esquerdo em sístole (SHR 3,71 ± 0,29 mm vs. WKY 3,15 ± 0,66 mm, p = 0,02), do septo interventricular em diástole (SHR 2,29 ± 0,35 mm vs. WKY 1,74 ± 0,19 mm, p = 0,0006), o índice de massa do ventrículo esquerdo (SHR 2,64 ± 0,35 mm vs. WKY 2,25 ± 0,39 mm, p = 0,03) e da espessura relativa da parede ventricular (SHR 0,77 ± 0,11 mm vs. WKY 0,58 ± 0,13 mm, p = 0,002) do que o grupo WKY. Não foi observado diferença significativa dos defeitos de perfusão miocárdica entre os grupos (p > 0,05), mas foi observado maiores defeitos de perfusão em repouso em relação ao estresse, mas sem diferença significativa. Conclusões: O presente estudo documentou elevados níveis pressóricos nos ratos do grupo SHR com 44 semanas de vida, que levou a um grande remodelamento do ventrículo esquerdo, com aumento da espessura de paredes e redução de cavidades ventriculares, no entanto, sem alterar as funções diastólica e sistólica ventriculares. Os defeitos de perfusão miocárdica em repouso foram semelhantes entre os dois grupos estudados e o dipiridamol não foi capaz de induzir o aumento dos defeitos. |