Violência sofrida e violência infligida por dependentes químicos: uma transmissão transgeracional

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: BARBOZA, Maria Carolina Fregonezi Gonçalves
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Triângulo Mineiro
Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação
Brasil
UFTM
Programa de Pós-Graduação em Psicologia
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://bdtd.uftm.edu.br/handle/tede/509
Resumo: O uso abusivo e dependente de drogas lícitas e ilícitas é um dos principais problemas de saúde pública na sociedade atual e sua relevância traz à tona diversas preocupações, considerando a pluralidade de problemas trazidos não somente para os usuários, como também para seus familiares e à sociedade. Foram realizados dois estudos que tiveram como objetivo investigar a violência e sua relação com a família, sociedade e o uso de drogas. O primeiro estudo foi realizado segundo a percepção de 12 dependentes químicos, internos em tratamento em uma comunidade terapêutica em Minas Gerais. E o segundo estudo, foi realizado segundo a percepção de nove familiares dos internos. Ambos os estudos foram pesquisas qualitativas. Foi utilizado um roteiro de entrevista semiestruturado para cada estudo, para coleta de dados. Os dados foram tratados pela análise de conteúdo de Bardin e interpretados segundo a teoria familiar sistêmica e a literatura da área de dependência química, família e violência. A partir da análise do primeiro estudo, emergiram quatro categorias: 1- convivendo com alcoolismo e violência familiar na infância, em que os internos conviveram com pelo menos um usuário de álcool e/ou outras drogas dentro da família, declarando ter sofrido vários tipos de violência na infância; 2- violência infligida pelo interno antes do uso de drogas, constituiu-se principalmente por roubos e furtos, a violência interpessoal na comunidade; 3- violência infligida pelo interno após o uso de drogas, ocorreu direcionada a si mesmo (autoagressão), a familiares e à sociedade (interpessoal); 4- violência sofrida após o uso de drogas, em que relataram discriminações, agressão e/ou perseguição de policiais. A análise dos dados do segundo estudo produziu três categorias: 1-violência sofrida pelo interno antes do uso de álcool e outras drogas, em que os familiares relataram as violências física, psicológica, sexual e negligência sofrida pelos internos na infância; 2- violência infligida pelo interno durante o uso de álcool e outras drogas, em que descreveram agressões físicas e psicológicas dos internos dirigidas à família e à sociedade; 3- violência sofrida pelo interno durante o uso de álcool e outras drogas, o qual os entrevistados apontaram a violência física de familiares, dos policiais e do tráfico de drogas, assim como a discriminação das pessoas. A partir dos dados dos dois estudos, discute-se a vivência de diferentes tipos de violência na infância e adolescência, associadas a convivência com o abuso de substâncias psicoativas por parte de familiares próximos, que provavelmente contribuíram para a dependência química e comportamentos violentos do interno. A pobreza e vulnerabilidade social também influenciam, assim como a violência do tráfico de drogas e da polícia. Esses estudos levam a refletir sobre a transgeracionalidade existente tanto em relação ao uso de drogas psicoativas, quanto em relação à violência, que precisa ser interrompida para eficácia do tratamento e prevenção para as próximas gerações. Também há necessidade de se aprimorar as estratégias policiais e dos profissionais para o enfrentamento do problema, como o envolvimento das famílias no tratamento.