Estadiamento clínico e identificação de risco para transtornos mentais: apresentação de modelos teórico e empírico como propostas de prevenção em saúde mental

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Asevedo, Graccielle Rodrigues da Cunha [UNIFESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.unifesp.br/handle/11600/70806
Resumo: Introdução: Os Transtornos Mentais são doenças complexas em que o curso e a apresentação clínica são modulados por interações entre fatores biológicos e ambientais em janelas específicas do desenvolvimento. São categorizados e diagnosticados como síndromes com critérios operacionalizados em uma lista de sintomas e apresentam uma heterogeneidade clínica significativa, com sobreposição de sintomas entre transtornos distintos, altas taxas de comorbidades e sobreposição de aspectos neurobiológicos. Os tratamentos disponíveis são pouco eficazes em evitar a progressão da doença e desfechos desfavoráveis, especialmente quanto a aspectos de funcionalidade. Reconhecimento precoce e prevenção em saúde mental são passos essenciais para garantir melhores prognósticos. Alguns modelos de identificação precoce e estadiamento clínico foram propostos para transtorno bipolar, esquizofrenia, depressão, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade. Ao classificar separadamente os diagnósticos, esses modelos não abordam as mencionadas sobreposições entre aspectos psicopatológicos e neurobiológicos dos transtornos mentais. Vários modelos atuais de reconhecimento de pessoas em risco são tautológicos, por serem essencialmente baseados em psicopatologia, sendo os sintomas clínicos e o prejuízo funcional já existentes os principais preditores de desenvolvimento de transtornos mentais. Além disso, frequentemente exigem avaliações clínicas extensas realizadas por equipes especializadas, dificultando a sua aplicação nos contextos clínicos habituais. Objetivo geral: Avançar nas propostas existentes de prevenção em saúde mental, desenvolvendo um modelo teórico transdiagnóstico e investigando como um novo modelo empírico de reconhecimento precoce de grupos de risco para desenvolvimento de depressão podem contribuir no campo de prevenção. Objetivos específicos: Estudo 1: Desenvolver e descrever como um modelo teórico abrangente de risco e estadiamento clínico para transtornos mentais pode ser utilizado para a aplicação de estratégias de prevenção. Estudo 2: Avaliar o desempenho de um modelo identificação de adolescentes de risco para depressão (IDEA) numa amostra de coorte (INPD). Métodos: Estudo 1: Revisão da literatura e proposta de um novo modelo de estadiamento clínico abrangente e facilmente aplicada na prática clínica para transtornos mentais. Estudo 2: Análise de validação externa, calibração e discriminação de um modelo de identificação de adolescentes de risco para depressão numa coorte com 1.442 adolescentes. Resultados: Estudo 1: Um modelo de estadiamento clínico incluindo sintomas clínicos, funcionalidade e fatores de risco foi proposto - Risk Assessment, Clinical staging, Functional impairment, (RCF). A estratificação dos fatores de risco (R) inclui 3 clusters desenvolvidos de acordo com o modelo ecológico (individual, interpessoal e sociedade / comunidade) com efeito aditivo. A avaliação de sintomas / psicopatologia - estadiamento clínico (C) varia de indivíduos saudáveis a pacientes com transtornos mentais graves. O comprometimento funcional (F) compreende quatro estágios, variando de nenhum comprometimento a comprometimento grave. Estudo 2: A área sob a curva avaliando a capacidade discriminativa do modelo foi de 0,65. A performance geral do modelo, medida pelo escore de Brier foi boa, embora pior que sua performance no modelo original. A discriminação e performance geral melhoram após ajuste do modelo com área sob a curva de o,69 e escore de Brier de 0,10. Conclusão: Estudo 1: O modelo RCF apresenta estratificação de risco e estadiamento clínico independente de distúrbios específicos. A estrutura proposta avança em relação aos modelos atuais ao incluir avaliação funcional e incorporar conhecimentos sobre fatores de risco à prática clínica. Permite uma avaliação rápida e simples que pode informar os médicos para delinear estratégias de prevenção. Ao considerar também a funcionalidade, os indivíduos com transtornos mentais graves receberão mais provavelmente intervenções específicas para prevenir declínios adicionais. Estudo 2: Este modelo com oito preditores demográficos e sociais facilmente obtidos foi capaz de predizer depressão além do acaso entre adolescentes em uma amostra diversa do mesmo país. Os modelos de predição podem ajudar a desenvolver métodos mais precisos para combinar vários fatores de risco em uma medida de risco estimado, adicionando informações confiáveis ao julgamento clínico. A avaliação independente em outras amostras é uma etapa essencial para avaliar a validade do modelo original. Etapas adicionais devem incluir melhorias no modelo e estudos adicionais do escore de risco em populações com altos níveis de sintomas subclínicos para melhorar a prestação de serviço precoce e a tomada de decisão clínica.