Estigma, violência e bruxaria: um olhar antropológico para o episódio de Morrinhos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Leal, Fellipe Miranda [UNIFESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://repositorio.unifesp.br/handle/11600/49127
Resumo: Em 2014, na Baixada Santista, ocorreu o linchamento de uma jovem de 33 anos, episódio que foi deflagrado por meio do compartilhamento em redes sociais do boato da existência no bairro de Morrinhos em Guarujá (SP) de uma suposta bruxa sequestradora de crianças que realizava “rituais de magia negra”. Este episódio ganhou importante atenção da imprensa nacional e, em parte relevante das reportagens, foi destacado que a jovem espancada e morta era bastante conhecida na comunidade e que fazia tratamento para uma doença psiquiátrica que desencadeava crises em que ela “perdia a noção de realidade”. Este estudo tem como objetivo realizar uma análise do contexto sociocultural relacionado a este acontecimento: o linchamento de uma mulher portadora de um transtorno mental. Foram utilizados os métodos e as técnicas de pesquisa tradicionais da Antropologia; entre eles, a observação etnográfica densa e a entrevistas em profundidade com moradores de Morrinhos. A análise do material permitiu apontar que a violência é vivamente presente no local e está diretamente relacionada aos conflitos cotidianos e às disputas sociais de toda espécie existentes no bairro, destacando-se a violência contra o doente mental. Observou-se também que os doentes mentais são estigmatizados. A propagação de boatos é frequente neste local e possui importante papel em manter certo equilíbrio nas relações sociais. Neste contexto, pode-se considerar que a ocorrência deste linchamento configurou-se como um fato que, em grande medida, foi capaz de representar uma condensação destes elementos – os boatos, a estigmatização e a violência – e assim os expôs despidos em sua forma mais bruta.