A saúde mental da mulher em situação de rua

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Ribeiro, Bruna Farias
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/trabalhoConclusao/viewTrabalhoConclusao.jsf?popup=true&id_trabalho=9880675
https://repositorio.unifesp.br/handle/11600/59034
Resumo: Introdução: A população em situação de rua tem aumentado em vários países e no Brasil, e sua causa deve-se a série de fatores que englobam a esfera social e individual. Historicamente, a mulher que vivencia diversas desigualdades relacionadas ao gênero, tem na situação de rua, agudizada situações de extrema exclusão, pobreza e violência, portanto, é altamente vulnerável ao sofrimento psíquico. Objetivo: Analisar a presença de sofrimento psíquico em mulheres, relacionado ao fato de estarem em situação de rua. Método: Estudo descritivo, exploratório, de abordagem qualitativa, tendo como referencial metodológico a análise de conteúdo. O estudo foi realizado no centro de acolhida tipo II Estação Bem-Estar localizado na cidade de São Paulo/SP, após autorização da instituição e a aprovação do estudo no Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de São Paulo, no período de fevereiro de 2018 a junho de 2019. Participaram do estudo dezesseis mulheres em situação de rua. Os critérios de inclusão foram estarem em situação de rua a pelo menos seis meses, maiores de 18 anos de idade, que tivessem utilizado do centro de acolhida apenas para pernoite, em condições cognitivas para responder. Para a coleta de dados foi realizada entrevista individual, com aplicação de um instrumento elaborado pelos pesquisadores, composto por formulário semiestruturado sobre o perfil sociodemográfico e de morbidade para caracterização das mulheres em situação de rua e questões norteadoras relacionadas aos objetivos do estudo. As entrevistas foram gravadas em gravador digital, transcritas na íntegra e interpretadas à luz da técnica de análise de conteúdo proposta por Bardin. Resultados: A violência sofrida em toda a trajetória de vida associada à pobreza, a presença de transtorno mental, o uso de drogas, a desestruturação familiar e conjugal se revelaram como fatores desencadeantes à presença do sofrimento psíquico e para a tomada de decisão de as levarem às ruas na tentativa de fuga ao contexto de sofrimento vivido, portanto, as participantes já o experienciavam antes da condição de estar na rua. E uma vez nela, o sofrimento psíquico foi agudizado pelas adversidades na tentativa de sobrevivência, em meio a um cotidiano permeado por condições subumanas, preconceitos, ociosidade, invisibilidade social, impedimentos para reinserção no mercado de trabalho, graves violações aos direitos humanos e as violências sofridas, incluindo a do Estado. As principais manifestações identificadas foram: alterações de humor, de sono e de apetite, estresse emocional, tentativas de suicídio, choros constantes, ansiedade, nervosismo e sintomas psicossomáticos, como dores crônicas. As atitudes de enfrentamento deram-se pelo exercício da espiritualidade e religiosidade, a busca pela capacitação profissional e a utilização de serviços de saúde. Equipamentos de saúde foram percebidos de modo geral como sendo bom, mas em relação aos sócios assistenciais, a percepção foi de que se tratava de serviço que possuía muitas limitações que obstaculizavam a vida cotidiana. Conclusão: a presença do sofrimento psíquico, bem como a ida às ruas, deu-se em decorrência de um sistema capitalista, sexista e patriarcal que corroborou para a vulnerabilidade social por meio da desigualdade e exclusão sociais e sérios problemas na vida familiar.