Análise de expressão gênica e metilação de DNA de pacientes em primeiro episódio psicótico virgens de tratamento

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Ota, Vanessa Kiyomi Arashiro [UNIFESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/trabalhoConclusao/viewTrabalhoConclusao.jsf?popup=true&id_trabalho=3135791
http://repositorio.unifesp.br/handle/11600/47899
Resumo: A esquizofrenia é o transtorno mental mais grave e incapacitante dentre os distúrbios psiquiátricos. A demora em instituir tratamento adequado e a duração do primeiro episódio psicótico estão entre os principais fatores de mau prognóstico da doença. O presente projeto propôs a investigação de marcadores genéticos e epigenéticos para o diagnóstico e tratamento da esquizofrenia por meio do estudo da expressão de genes alvos e do estudo do padrão de metilação de DNA (estudo de expressão gênica I). Paralelamente, em células progenitoras de neurônios, estudamos o efeito do silenciamento do gene MBD5 (Methyl-CpG Binding Domain Protein 5), importante para o neurodesenvolvimento e possivelmente relacionado à metilação de DNA (estudo funcional II). Para o estudo I, pacientes em primeiro episódio psicótico (PEP) virgens de tratamento e controles saudáveis foram submetidos à avaliação clínica e à coleta de sangue periférico. Os pacientes ressubmeteram-se às mesmas avaliações após oito semanas do início do tratamento com risperidona, sendo que parte deles também foram reavaliados após um ano de inclusão na pesquisa. Em todas as etapas de seguimento do estudo, o sangue dos pacientes foi recoletado, seguido pela extração de DNA e RNA das amostras. O estudo de expressão gênica I foi realizado por meio da técnica de PCR em tempo real quantitativo, e a análise metilação por meio de sequenciamento após conversão com bissulfito de sódio. Para o estudo funcional II, o silenciamento do gene MBD5 foi realizado em células progenitoras de neurônios. Elas foram submetidas ao sequenciamento de RNA, PCR em tempo real, Western blotting, e à citometria de fluxo. No estudo I os resultados indicaram uma redução na expressão do gene GCH1 (GTP cyclohydrolase 1) e um aumento na expressão dos genes NDEL1 (nudE neurodevelopment protein 1-like 1) e MBP (myelin basic protein) no sangue de pacientes em PEP quando comparados aos controles. Quando comparamos os pacientes antes e após o tratamento, o gene GABRR2 (gamma-aminobutyric acid (GABA) A receptor, rho 2) mostrou-se hipoexpresso após o tratamento com risperidona. Além disso, embora os dados sejam promissores, a expressão de GCH1 não parece ser regulada por metilação de DNA. Quanto ao estudo funcional II, foi observado que o silenciamento do gene MBD5 levava a um desbalanço entre proliferação e diferenciação das células progenitoras de neurônios. Os resultados desse estudo indicaram três genes possivelmente envolvidos na psicose propriamente dita, estando relacionados às vias dopaminérgicas e serotoninnérgicas (GCH1), ao neurodesenvolvimento (NDEL1) e à mielinização (MBP). Além disso, o gene GABRR2, embora não pareça ser alvo direto da risperidona, pode estar associado à resposta ao tratamento ou evolução da doença, indicando, assim, a importância da via GABAérgica. Estes dados poderão futuramente auxiliar a identificação de marcadores biológicos, tanto para a psicose quanto para o tratamento da esquizofrenia, possibilitando uma ação terapêutica precoce e acarretando na redução do tempo de psicose não tratada, o que pode resultar em diminuição da morbidade e melhor qualidade de vida para os pacientes. Também observamos que reduções na expressão de um gene envolvido em doenças do neurodesenvolvimento (MBD5) promovem um estado mais diferenciado que proliferativo de células progenitoras de neurônios, um fenômeno que parece estar presente nas alterações de outros genes envolvidos nessas doenças podendo, assim, ser um mecanismo convergente de doenças do neurodesenvolvimento, como o autismo, a deficiência intelectual e a esquizofrenia.