Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2024 |
Autor(a) principal: |
Rezera, Danielle do Nascimento [UNIFESP] |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de São Paulo
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://hdl.handle.net/11600/71409
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Resumo: |
Este trabalho objetiva compreender um complexo projeto político pautado numa ótica educativa conformadora, na qual a relação de forças entre classe subalternizada e a dirigente e dominante tem ganhado contornos mais díspares à medida da crescente intervenção de aparelhos privados de hegemonia no contexto decisório do fazer escolar, explicitado na área das políticas públicas em educação, no delineamento ideológico, produtivo e econômico. Entender de modo integral esse projeto político, é compreender a função educadora dos APHs, os meandros que formam a parceria público-privada no programa estudado e a figura “educador social”, que está na ponta da aplicação das ações educativas do referido projeto. À luz de amplo arcabouço teórico, entre os quais os conceitos gramscianos de Hegemonia, Estado Integral e Educação interessada/desinteressada, assim como Filosofia da Práxis, buscamos ampliar a análise e a metodologia de interpretação sobre a realidade do ideário formativo e das relações de trabalho de um programa em “tempo integral” denominado Programa Tempo de Escola / Mais Tempo de Escola, constituído em 2009, a partir das determinações do Programa Mais Educação (2007), e que teve como articulador intelectual para a sua implantação o Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec), aparelho privado de hegemonia (APH) da holding Itaú-Unibanco, que se institui como aparato “competente” na articulação e representação junto às organizações da sociedade civil (OSCs), na qualidade de executores de serviços às comunidades em situação de vulnerabilidade/desigualdades acentuadas. O programa é implantado, entre os anos 2010-2020, na prefeitura de São Bernardo do Campo – SP - Brasil, e o entendemos como uma experimentação de longo prazo, que nos permite elucidar a dinâmica da parceria público-privada, dos APHs e suas articulações, concepções e práticas na implementação de políticas públicas no campo da educação em “tempo integral”, assim como, na gestão da pobretologia. Nos amparamos em uma leitura global dos fenômenos que se articulam em conjunto e que nos oferece subsídios para delinear a crítica das condições históricas do neoliberalismo no Brasil e seus desdobramentos nas políticas públicas de educação, que fomentam a mercadificação da educação pública e visam privatizar toda relação educativa, alargando o domínio e direção da classe burguesa brasileira e sua adesão aos ditames do capital-imperialismo, que estabelece e educa para um projeto societal cada vez mais privado e antagônico às perspectivas críticas e democratizantes. Tal movimento exige uma racionalização que compreende elementos estruturais e superestruturais que permitem observar a relação pedagógica de hegemonia da classe dominante neste processo. Para tanto, levantamos e analisamos acervo documental, composto por relatórios, contratos, conveniamentos, editais, notícias, entrevistas semiestruturadas e questionário dirigido e desenvolvemos nosso percurso analítico pela triangulação da pesquisa e totalidade de análise. Partimos do entendimento da atividade e atuação do educador social alocado no referido programa de “educação integral”, buscando chegar às implicações de seu fazer no contexto escolar, do mesmo modo, às condições de trabalho que nos permitiram intelecção dos fatores e estratégias que incidem sobre a precarização do trabalho docente, os sentidos do trabalho do educador social e as reverberações no contexto da educação pública. Sob esta perspectiva, constatamos que a disputa pela formação humana e a comodificação dos sujeitos não está circunscrita somente às formas de expropriação do conhecimento, ou das relações de trabalho e, ainda, do lucro do setor privado sobre os recursos públicos. Entendemos que, para conformar a sociedade às estratégias, ideologias e interesses da classe dominante e aos novos designíos que recaem sobre o trabalhador a cada crise do capital e suas formas de reorganização hegemônica, é preciso disputar a consciência de modo global. Assim, concluímos que o programa estudado nos revela que toda a relação existente na sua execução precisa ser precarizada, partindo da concepção e se estendendo aos trabalhadores que nele atuam. Esse ideário está presente no açambarcamento de amplos setores da vida pela ideologia neoliberal e pela instrumentalização dos projetos educativos para atender desígnios privados e avessos à educação crítica e complexa. |