Colonização intestinal por bactérias Gram-negativas produtoras de ESBL, carbapenemases e AmpC em indivíduos hígidos da faixa etária pediátrica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Coraine, Ligia Augusto [UNIFESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.unifesp.br/handle/11600/66635
Resumo: Infecções relacionadas à assistência à saúde estão entre os principais eventos adversos em contexto hospitalar, com alta morbidade e mortalidade. Os agentes mais relevantes são Escherichia coli, Acinetobacter spp., Klebsiella pneumoniae, Pseudomonas spp. e Staphylococcus aureus, pela alta prevalência e gravidade dos quadros. As taxas de resistência a antibióticos cresceram de forma desenfreada nos últimos anos, especialmente as ESBL e as carbapenemases. Existe clara relação entre as taxas de infecção por bactérias resistentes e a colonização prévia por esses agentes. O objetivo principal deste estudo foi conhecer, na população do Estado de São Paulo, a frequência de indivíduos hígidos, na faixa etária pediátrica, portadores de bactérias Gram-negativas produtoras das beta-lactamases de amplo espectro de ação: ESBL, AmpC e carbapenemases. De 100 crianças saudáveis entre zero e 18 anos de idade, 81 apresentaram em suas fezes pelo menos uma espécie bacteriana resistente ou intermediariamente resistente aos antibióticos utilizados na seleção: cefotaxima, ceftazidima e imipenem. Foram identificadas 96 espécies da Ordem Enterobacterales, em sua maioria E. coli (11 cepas) e Enterobacter spp. (15 cepas). Também estavam presentes 81 bacilos Gram-negativos não fermentadores (BGNNF), predominando Pseudomonas aeruginosa (26 cepas), Pseudomonas spp. (18 cepas), e Acinetobacter spp. (10 cepas). Cerca de 24% das enterobactérias e 24,7% dos BGNNF apresentaram fenótipo resistente ou intermediário (R/I) para as três drogas. Com relação aos mecanismos responsáveis por essa resistência, 17,7% das R/I produziram ESBL sensível ao clavulanato, 42,5% carbapenemases e 30,5% AmpC. De nota, 19,1% apresentaram dois mecanismos simultaneamente, 9,9% de carbapenemase/AmpC, 7,8% de ESBL/carbapenemase e, apenas uma cepa ESBL/AmpC ou ESBL/carbapenemase/AmpC. A distribuição desses mecanismos na população estudada foi de 24,7% dos indivíduos com AmpC, 28,4% com carbapenemases, 14,8% com ESBL, 14,8% com carbapenemase/AmpC, 12,3% com ESBL/carbapenemase e 1,2% com ESBL/AmpC ou ESBL/carbapenemase/AmpC. A caracterização genética desses mecanismos não teve sucesso ao detectá-los, na medida em que os genótipos encontrados não foram, em sua maioria, compatíveis com os fenótipos observados. Estes resultados mostram um panorama da epidemiologia da resistência pelos mecanismos estudados na população pediátrica no Estado de São Paulo. Além disso, são um alerta para a ocorrência da grande disseminação de mecanismos com potencial para conferir resistência a antimicrobianos de grande relevância na prática clínica.