O proteoma nuclear da glândula de veneno da serpente Bothrops jararaca: bases moleculares da variabilidade em venenos de serpentes

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Camacho, Maurício Frota [UNIFESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://hdl.handle.net/11600/63691
Resumo: Venenos ofídicos são sistematicamente avaliados utilizando-se metodologias “ômicas”. Tais metodologias permitem observar tanto a complexidade e variabilidade dos venenos de serpentes quanto a diversidade de proteínas e o repertório biológico/funcional de suas toxinas. Estudos proteômicos, voltados para a caracterização de venenos, são responsáveis por grande parte do atual conhecimento disponível na literatura. Entretanto, as proteínas celulares da glândula de veneno – tecido encarregado pela produção das toxinas – ainda são pouco exploradas. Como venenos de serpentes são majoritariamente proteicos e as etapas iniciais de controle da expressão gênica ocorrem no núcleo celular, torna-se importante avaliar o proteoma nuclear das células que compõe a glândula, para identificar eventos moleculares associados à variabilidade presente no veneno de serpentes. Com este objetivo, foram extraídas amostras proteicas e enriquecidas de proteínas nucleares de glândulas de veneno da espécie Bothrops jararaca. Essas amostras foram provenientes de animais adultos (machos e fêmeas) e filhotes (também de ambos os sexos) de B. jararaca, espécie responsável pelo maior número de acidentes ofídicos no Brasil. Após o enriquecimento, as proteínas foram avaliadas qualitativamente e quantitativamente, com o auxílio de técnicas analíticas, como cromatografia líquida de alta performance acoplada a espectrometria de massas (análise LC-MS/MS) e ferramentas bioinformáticas. Essas análises mostraram que a metodologia desenvolvida no trabalho permitiu amostrar proteínas de diferentes compartimentos celulares, que houve enriquecimento de proteínas nucleares nas amostras extraídas e que o panorama funcional (processos biológicos, vias metabólicas e fatores de transcrição) se conserva, independentemente do desenvolvimento ontogenético (filhotes e adultos) e dimorfismo sexual (machos e fêmeas). De acordo com os nossos dados, é possível sugerir que a identificação de uma maior diversidade de fatores de transcrição em glândulas de filhotes poderia propiciar diversificação da ativação transcricional de promotores de toxinas. Além disso, a identificação da via pró-angiogênica regulada por HIF-1 pode estar relacionada a maior presença de svVEGF em venenos de filhotes, sendo esta característica possivelmente associada ao desenvolvimento dos animais e de suas respectivas glândulas de veneno. Nossos dados sugerem que a plasticidade fenotípica verificada para o veneno de B. jararaca é um fenômeno metabolicamente programado na espécie.