Anafilaxia em pacientes pediátricos: estudo unicêntrico em São Paulo sobre o perfil de casos prováveis

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Oliveira, Fabiana Andrade Nunes [UNIFESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.unifesp.br/handle/11600/69591
Resumo: Objetivos: Os objetivos deste estudo foram avaliar a incidência de casos de anafilaxia e descrever o perfil de prováveis casos de anafilaxia em um serviço de emergência pediátrico privado da cidade de São Paulo (Hospital Infantil Sabará) e analisar os fatores desencadeantes, manifestações clínicas, a presença de cofatores e tratamentos realizados, assim como o seguimento e a investigação dos episódios por meio de entrevistas com os familiares de crianças. Casuística e Método: Estudo unicêntrico e transversal, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Fundação José Luiz Egydio Setubal com CAAE 44861721.9.0000.5567. Todos os participantes, e/ou seus responsáveis, assinaram o termo de consentimento (TCLE) e assentimento (TALE), de acordo com a idade. O estudo iniciou-se com levantamento de prontuários médicos de crianças e adolescentes atendidos na unidade de pronto atendimento de 2016 a 2020 que apresentavam algum diagnóstico potencialmente relacionado com anafilaxia (CID-10). Nesta primeira parte do projeto houve dispensa da assinatura de TCLE/TALE (CAAE 99260818.0.1001.5567). Em seguida, as fichas foram revisadas e as com sintomas compatíveis consideradas casos possíveis e, se tivessem história e evolução sugestivas de anafilaxia por avaliação de ao menos dois médicos alergistas, eram considerados como casos prováveis. Então, os pais ou responsáveis legais da criança dos casos prováveis foram convidados por telefone a participar de uma teleconferência com médico alergista. Após o preenchimento dos TCLE e TALE on-line, foram realizadas as teleconferências com preenchimento pelo pesquisador de ficha clínica padronizada, com coleta dos antecedentes, dados clínicos e informações relacionadas ao evento. Foram extraídos dados dos prontuários do atendimento no pronto-socorro e da ficha clínica padronizada da entrevista para avaliação e descrição das informações. Resultados: O número total de visitas ao pronto- atendimento dos anos de 2016 a 2020 foi de 460.434 atendimentos. Após análise dos prontuários com CIDs relacionados, foram encontrados 69 casos prováveis de anafilaxia e destes, 51 foram incluídos. O CID mais associado foi a urticária (89%). A mediana de idade foi de 3,8 anos (IIQ: 1,7 a 7,1 anos). Houve predominância do gênero masculino (63%; N = 32). Em cerca de um terço dos casos (31%; N = 16) o tempo de exposição-reação era desconhecido. Dos casos que se identificou o tempo de exposição-reação (N = 35), 48% (N = 17) relataram tempo menor que 10 minutos. Dentre as manifestações apresentadas durante o provável episódio de anafilaxia, todos os casos apresentaram algum sintoma cutâneo, sendo urticas (78%; N = 40) o mais frequente. A maioria das crianças apresentou algum sintoma respiratório associado (78%, N = 40) e não houve caso de falência respiratória ou estridor inspiratório. Dos 51 casos finalizados, 75% (N = 38) tiveram fator desencadeante conhecido, sendo 84% (N = 32) um desencadeante alimentar. Em 90% (N = 46) dos casos o paciente apresentava alguma comorbidade, sendo rinite a mais comum (65%; N = 33). Adrenalina intramuscular (IM) foi administrada em 37% (N = 19) dos casos. Dentre as condutas pós-alta, 65% (N = 33) realizaram a investigação do provável episódio de anafilaxia, sendo 85% (N = 28) com alergista. No seguimento, 37% (N =19) dos pacientes receberam prescrição de adrenalina AI, todas prescritas por alergista. Conclusão: Em conclusão, a anafilaxia em crianças é uma manifestação de alergia sistêmica com manifestações clínicas heterogêneas, predominando as cutâneas e respiratórias. No nosso estudo observamos a maioria dos casos em crianças do sexo masculino. Os alimentos foram os principais desencadeantes, especialmente castanhas, divergindo de algumas tendências nacionais e internacionais. A incidência de casos prováveis de anafilaxia foi baixa quando comparada à incidência mundial, e a maioria dos casos foi de gravidade leve, sem relatos de choque ou morte. Os sintomas cutâneos, como urticas, foram predominantes. O manejo dos casos de anafilaxia não foi o ideal, com subutilização da adrenalina intramuscular no tratamento de primeira linha e baixa prescrição de adrenalina autoinjetável no seguimento. A conscientização e educação sobre a anafilaxia em crianças e a importância do manejo adequado são cruciais para reduzir o risco de morbidade e mortalidade nessa população vulnerável. Novos estudos e esforços são necessários para aprimorar o reconhecimento, tratamento e seguimento desses casos, visando melhorar a qualidade de vida e a segurança dos pacientes com anafilaxia pediátrica.