Diferenças sexuais no desenvolvimento de parkinsonismo induzido pelo tratamento repetido com reserpina

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Lima, Alvaro da Costa [UNIFESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://hdl.handle.net/11600/62384
Resumo: A Doença de Parkinson (DP) é a segunda doença neurodegenerativa mais frequente na população idosa mundial. De relevância, diversos estudos mostram que há uma maior frequência de DP em homens. A principal sintomatologia da doença é motora, caracterizada por tremor em repouso, dificuldade na inicialização do movimento, entre outros. Entretanto, há sintomas não motores, como os déficits cognitivos, os quais podem preceder os sintomas motores. Muitos modelos são propostos com o intuito de mimetizar as características sintomatológicas e fisiopatológicas da DP. Entretanto, a maioria dos modelos propostos promovem comprometimento motor agudo, o que não está de acordo com a característica progressiva da doença, além de impedir o estudo dos sintomas não motores. Desta forma, o nosso grupo de pesquisa propôs uma adaptação do protocolo clássico de reserpina (fármaco depletor de monoaminas que promove déficits motores), utilizando doses baixas em um tratamento crônico. Tal esquema possibilita a caracterização da progressividade vista na doença, além de evidenciar déficits pré-motores. O modelo já demonstrou validade quanto a sintomatologia (de face) e fisiopatologia (de constructo) e mais recentemente, a validade farmacológica (preditiva). Paralelamente, os hormônios sexuais desempenham um papel importante no desenvolvimento do sistema nervoso central dos diferentes sexos. Entre as diferenças, pode-se citar que as fêmeas apresentam aumento na densidade de terminais sinápticos dopaminérgicos no estriado, além de alterações nas densidades do transportador dopaminérgico, entre outros. Tendo em vistas essas diferenças sexuais no desenvolvimento neurológico, e a diferença na incidência da doença de Parkinson entre os sexos, o objetivo geral do presente trabalho foi investigar possíveis diferenças sexuais comportamentais e neuronais nas alterações induzidas pelo tratamento repetido com baixas doses de reserpina. Ratos Wistar machos e fêmeas receberam 10 ou 15 aplicações de reserpina (0,1mg/kg) ou veículo em dias alternados. Ao longo do tratamento, houve o acompanhamento do ciclo estral, e a realização de testes motores e cognitivos (catalepsia, campo aberto, movimentos orais e reconhecimento de objeto). A eutanásia dos animais ocorreu 48 horas após a 10ª ou 15ª aplicação, obtendo-se soro para a quantificação de estrógeno e os encéfalos para realização de imunohistoquímica para tirosina hidroxilase. Nossos resultados mostraram, como esperado, um aumento da catalepsia, na quantidade de movimentos involuntários orais, e déficits cognitivos, além de diminuição na contagem de células positivas para tirosina hidroxilase nos machos tratados com reserpina. Entretanto, o efeito da reserpina mostrou-se atenuado no comportamento cataléptico nas fêmeas, não ocorrendo efeito da reserpina nos movimentos orais, na tarefa cognitiva, e na contagem celular neste sexo. Não houve influência detectável da fase do ciclo estral nos comportamentos nem nas ratas controle nem nas tratadas. Quanto à concentração de estrógeno, houve uma tendência das fêmeas tratadas com reserpina apresentarem níveis maiores desse hormônio, a qual tornou-se significativa quando a análise foi feita considerando as fases do ciclo. Porém, não foi encontrada correlação entre o nível de estrógeno e a intensidade das alterações motoras. Com isso, pode-se afirmar que as fêmeas apresentam resistência ao desenvolvimento de parkinsonismo induzido pela administração repetida de baixas doses de reserpina. Entretanto, nas nossas condições experimentais, não houve influência do perfil hormonal nessa resistência apresentada pelas fêmeas.