Literomaquia e literatura de rua: meio-fio entre utopias e marginalidades

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Vieira, Tiago Mine [UNIFESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://hdl.handle.net/11600/63849
Resumo: Buscando abordar o fenômeno literário enquanto práxis, observamos o ato literário a partir das relações concretas de sua produção. Nosso intuito é uma elaboração ensaística que contribua para a compreensão crítica das múltiplas determinações de uma obra literária, considerando as condições objetivas de seu produtor (autor), cuja estratégia poética e discursiva, acreditamos, se materializa no estilo e no temário do escritor em resposta a um conjunto de condições externas, de relações objetivas, tais como cânone, mercado editorial, crítica especializada, inserção social etc. Partimos de elaborações teóricas e das tensões do trinômio autor-obra-público, a fim de investigar a urdidura de elementos estéticos e sociológicos em diferentes obras e autores, configurando assim pequenos ensaios comparativos. Com Carolina Maria de Jesus, atentaremos ao fato de que as mesmas forças de atração, singularidade temática e formal, que a levaram para o mercado editorial, fatalmente, a isolaram; com Raduan Nassar, buscaremos entender como o autor, que consegue construir sua autonomia literária, mesmo aderindo a um sistema tradicional de edição, publicação e circulação das obras, responde precocemente às demandas estéticas, sociais e comerciais, tendo escrito sua obra completa antes de sua primeira publicação; e com José de Carvalho, nosso contraponto do mercado formal de livros, autor assumidamente marginal, que apresenta uma literatura que desemboca nas ruas, e delas vive, formando seu próprio público leitor numa relação de demanda à queima-roupa, da qual emergem traços estilísticos e temáticos característicos. Para estabelecer uma compreensão dessas diferentes literaturas, conformando um diálogo entre elas, nos valemos da leitura de autores de crítica, história e mesmo sociologia literária, tais como A. Rama, P. Bourdieu, G. Lukács, A. Candido, H. Buescu, W. Benjamin, entre outros, que trataram de conceitos que cercam nosso objeto de investigação, desde a noção de tradição e sistema literário até as condições de produção e recepção literária, contribuindo com perspectivas que imprimem concretude à análise. Como estratégia, recorremos comparativamente a outros escritores a fim de melhor compreender o fenômeno criativo dos autores investigados, em suas diferentes práticas sociais sob o contexto geral da produção capitalista.