Alterações genéticas e abordagem terapêutica na esotropia congênita

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Issaho, Dayane Cristine [UNIFESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/trabalhoConclusao/viewTrabalhoConclusao.jsf?popup=true&id_trabalho=6718672
https://repositorio.unifesp.br/handle/11600/52870
Resumo: Objetivo : Os objetivos principais deste estudo foram analisar os padrões genéticos da esotropia congênita e investigar a associação do gene AHI1 em sua causa. Além disso, analisamos a eficácia dos tratamentos atualmente disponíveis para a patologia, incluindo cirurgia em idade precoce e injeção de toxina botulínica nos músculos retos mediais. Métodos: O estudo foi realizado em 3 etapas. Primeiro, analisamos os padrões genéticos através do DNA genômico obtido de amostras de sangue de pacientes neurologicamente normais com manifestação da esotropia antes de 6 meses de idade. Heredogramas familiares foram construídos para identificar a transmissão do fenótipo de estrabismo até quatro gerações. Amplificação por PCR do gene AHI1 foi realizada. O grupo controle consistiu de doadores de órgãos sem história de estrabismo. Em uma segunda etapa, os resultados cirúrgicos de 97 pacientes portadores de esotropia congênita foram avaliados. Análise de regressão multivariada para os fatores de chance de sucesso, bem como análise da relação do resultado cirúrgico e das características clínicas foram realizadas. Por fim, uma metanálise foi realizada para determinar a eficácia da toxina botulínica no tratamento da esotropia congênita e suas complicações. Resultados: Herança familiar na esotropia congênita foi identificada nos indivíduos analisados, com manifestação nas primeira, segunda e terceira gerações. O gene AHI1 amplificou somente no grupo-controle, mas não nos pacientes com estrabismo. Entre os indivíduos analisados com estrabismo, 57% tinham história familiar positiva para esotropia. Além disso, herança genética foi observada em gêmeas monozigóticas e trigêmeos, com dois univitelinos apresentando esotropia e um terceiro dizigótico sem estrabismo. A taxa de sucesso com uma única cirurgia foi de 59%. Idade na cirurgia, desvio pré-operatório, refração, ambliopia, e presença de hiperfunção dos músculos oblíquos inferiores não apresentaram relação significativa com sucesso ou insucesso cirúrgico. A dose resposta média foi de 3.61 ± 1.45 dioptrias prismáticas por mm de cirurgia e houve fraca correlação com o ângulo de desvio pré-operatório (r2=0.32). O insucesso cirúrgico se mostrou associado à variabilidade de resposta, e não à dose cirúrgica inadequada. A taxa de sucesso agrupada do tratamento com toxina botulínica foi de 76% (95% CI = [61% - 89%]). Para a taxa de sucesso, I2 de 94.25% foi observado, indicando uma alta heterogeneidade (p <0.001). A variação média do desvio depois da injeção de toxina botulínica foi de -30.7 (95% CI = -37.7, -23.8), revelando uma melhora significativa no alinhamento após a medicação. Conclusão: O gene AHI1 pode ter um papel fundamental na patologia da esotropia congênita. O sucesso cirúrgico do recuo bilateral dos retos mediais é limitado em parte por uma variabilidade na resposta à dose empregada. A aplicação de toxina botulínica nos retos mediais se revelou uma alternativa valiosa à cirurgia de estrabismo em pacientes com esotropia congênita, principalmente nos desvios de magnitude moderada.