Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2019 |
Autor(a) principal: |
Cruz, Maysa Mariana [UNIFESP] |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de São Paulo
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://repositorio.unifesp.br/handle/11600/57729
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Resumo: |
O tecido adiposo branco (TAB) é um tecido especializado em armazenamento de energia na forma de triacilglicerol (TAG) e produção de hormônios e citocinas, participando de forma autócrina, parácrina e endócrina no controle do metabolismo energético. Por outro lado, o tecido adiposo marrom (TAM) é especializado em dissipar energia na forma de calor, ou termogênese. A obesidade é um distúrbio metabólico multifatorial, onde a expansão do TAB favorece a instalação de um processo inflamatório crônico de baixo grau, contribuindo para o surgimento e exacerbação de quadros de dislipidemias, hipertensão, resistência à insulina, diabetes mellitus do tipo 2, dentre outras doenças. Neste sentido, diversos estudos desenvolvidos nas últimas décadas visam identificar novas estratégias para tratar a obesidade e doenças a ela relacionadas. O ácido palmitoleico é um ácido graxo (AG) de 16 carbonos, monoinsaturado no carbono ômega-7 (16:1n7). Foi descrito que este AG melhora a sensibilidade à insulina no músculo e TAB, diminui a esteatose hepática e possui efeitos na redução de parâmetros inflamatórios. Mostramos anteriormente que este AG aumenta o consumo de oxigênio, o conteúdo proteico de complexos mitocondriais bem como a produção de ATP, além de aumentar a lipólise e lipogênese em adipócitos 3T3-L1. Não há estudos sobre os efeitos deste AG no tecido adiposo de um organismo induzido à obesidade por dieta hiperlipídica (HL). Assim, o objetivo deste trabalho foi o de investigar a ação deste AG sobre parâmetros metabólicos, inflamatórios, adipogênicos e de “browning” no tecido adiposo em modelo experimental de obesidade Iinduzida por dieta HL e linhagem celular de préadipócitos (3T3-L1), empregando testes metabólicos e estudos de expressão gênica como estratégias experimentais. Os resultados mostraram que a dieta HL aumentou substancialmente a massa corpórea dos animais, porém o ácido palmitoleico apresentou uma forte tendência em prevenir o ganho de massa corpórea dos mesmos. O tratamento dos animais obesos com o 16:1n7 aumentou a oxidação de palmitato bem como a atividade lipogênica de adipócitos, mas não afetou a lipólise e a captação de glicose. A dieta HL promoveu aumento dos triglicerídeos do fígado, efeito prevenido pelo ácido palmitoleico. Além disso, o tratamento com ácido palmitoleico preveniu parcialmente o aumento da expressão de genes que codificam ATGL, HSL, perilipina, lipina, C/EBP-α, PPAR-γ, C/EBPβ, CPT1, NRF1, TFAM, PRDM16 e NOS2 no TAB subcutâneo dos animais desencadeado pela obesidade induzida por dieta HL e aumentou o conteúdo do RNAm que codifica FABP4. A expressão gênica de Pgc1a não apresentou diferença entre os grupos e a obesidade praticamente aboliu a expressão gênica de Ucp1. Além disso, a obesidade desencadeou aumento da expressão gênica de Mcp1 e Tnfa em ambos os tecidos analisados (subcutâneo e visceral), sendo que a suplementação com o ácido palmitoleico promoveu aumento mais acentuado da expressão destes genes. No tecido adiposo visceral destes animais, a dieta HL promoveu aumento da expressão dos genes que codificam HSL e perilipina, sendo que ácido palmitoleico reverteu este efeito; a dieta HL também desencadeou aumento de expressão de genes que codificam leptina, adiponectina, CPT1, MCP1, TNF- e SOD2 bem como diminuiu a FAS, ACC1 e PGC1-. O tratamento com ácido palmitoleico não preveniu este aumento no TAB visceral. Quanto ao TAM, não foi verificado alterações significativas, exceto por uma diminuição na expressão da Fas em decorrência da dieta HL, com queda mais acentuada no grupo tratado com o AG. Em relação aos marcadores de browning do TAB, verificamos um aumento relevante na expressão do gene que codifica a proteína desacopladora UCP1 (acompanhada de uma elevação de Tfam) em adipócitos 3T3-L1 tratados com ácido palmitoleico. Em suma, os dados mostram que o ácido palmitoleico promove mudanças metabólicas e previne parcialmente o aumento da expressão de genes desencadeado pela obesidade, sugerindo que os animais tratados com o AG não necessitam da mesma magnitude de adaptação metabólica para lidar com a demanda energética proveniente da dieta HL. Além disso, os dados indicam que o tecido adiposo dos animais Obeso+n7 possa estar mais metabolicamente ativo em relação ao grupo Obeso. Embora não comprovado no presente estudo, postulamos com nossos resultados que à longo prazo (tanto no desencadeamento da obesidade, quanto no tempo de tratamento), os efeitos do ácido palmitoleico sejam relevantes e benéficos para a função/disfunção do tecido adiposo de um organismo obeso, com consequente repercussão na homeostase metabólica sistêmica do mesmo. |