Avaliação longitudinal dos transtornos de humor na transição entre a infância e a adolescência : marcadores psicopatológicos, genéticos e de neuroimagem

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Pan Neto, Pedro Mario [UNIFESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://repositorio.unifesp.br/handle/11600/49858
Resumo: Objetivo: O maior desafio da psiquiatria é entender a fisiopatologia dos transtornos mentais. O presente trabalho pretende investigar a hipótese pioneira de um padrão alterado de neurodesenvolvimento como um dos componentes causais dos transtornos de humor na transição entre a infância e a adolescência. Os objetivos específicos referem-se aos três estudos realizados nesta tese. Estudo 1: Avaliar se a expressão de genes candidatos é um mediador da relação entre maus tratos na infância e transtorno depressivo. Estudo 2: Avaliar se medidas de conectividade cerebral das regiões que compõem o circuito de recompensa são preditores de depressão na adolescência. Estudo 3: Avaliar a relação entre experiências psicóticas subclínicas e os transtornos mentais, particularmente os transtornos de humor, após 3 anos de seguimento. Métodos: Os três estudos foram realizados a partir da análise de dados do estudo High Risk Cohort. Durante a fase de triagem, avaliaram-se 9937 sujeitos entre 6 e 12 anos provenientes de 57 escolas públicas. Desses, 2511 sujeitos foram submetidos a uma minuciosa avaliação fenotípica cujos instrumentos permitiram o diagnóstico dos principais transtornos mentais. Uma subamostra de 750 sujeitos foi submetida a exame de ressonância magnética do cérebro e a coleta de sangue. Cerca de 80% dos indivíduos inicialmente entrevistados foram reavaliados após 3 anos com os mesmos instrumentos. Estudo 1: A expressão de 12 genes relacionados com o eixo hipotálamo-pituitária-adrenal, com a cascata inflamatória e com o neurodesenvolvimento foi investigada no sangue. A expressão desses genes foi avaliada como um mediador da relação entre maus tratos na infância e depressão. Estudo 2: Foi realizada uma análise por meio de imagens obtidas por ressonância magnética funcional do cérebro no estado de repouso. Modelos de regressão logística avaliaram se a centralidade do estriado ventral, uma medida de intensidade da conectividade com as demais regiões do circuito de recompensa, foi um preditor significante para depressão após 3 anos. Estudo 3: As experiências psicóticas subclínicas foram avaliadas por meio de medidas de autorrelato e de julgamento clínico. Modelos de regressão investigaram se a presença e a intensidade das experiências psicóticas foram relacionadas com os transtornos mentais. Regressão de Poisson testou a relação entre as experiências psicóticas e o número de transtornos mentais comórbidos. Resultados: Estudo 1: A expressão de genes relacionados com o eixo hipotálamo-pituitária-adrenal e com a cascata inflamatória no sangue de crianças e adolescentes com depressão foi menor quando comparada àquela dos controles saudáveis. A expressão desses genes mediou a relação entre maus tratos na infância e depressão. Estudo 2: A maior centralidade do estriado ventral esquerdo foi um preditor estatisticamente significante para depressão após três anos. Esse efeito não foi encontrado em outros transtornos mentais como ansiedade, uso de substâncias e déficit de atenção e hiperatividade. Estudo 3: As experiências psicóticas subclínicas foram preditores de depressão após 3 anos de seguimento. O número de transtornos mentais comórbidos associou-se às experiências psicóticas em ambas as direções da análise. Conclusão: Este estudo de coorte permitiu que se investigassem questões fundamentais e altamente inovadoras relacionadas ao entendimento da fisiopatologia dos transtornos mentais. Aspectos psicopatológicos, genéticos e de neuroimagem foram associados ao transtorno depressivo na transição entre a infância e a adolescência. Os resultados encontrados oferecem evidências inéditas sobre o papel da inflamação, do circuito de recompensa e das experiências psicóticas subclínicas na depressão. Os achados podem sugerir alvos específicos para estratégias de identificação precoce e prevenção de transtornos mentais tais como depressão.