Efeitos da programação fetal induzida por restrição alimentar materna: contribuição dos adipócitos da região perivascular na inflamação e adiposidade
Ano de defesa: | 2020 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de São Paulo
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/trabalhoConclusao/viewTrabalhoConclusao.jsf?popup=true&id_trabalho=9304797 https://hdl.handle.net/11600/62470 |
Resumo: | Estudos demonstram que a restrição alimentar materna (RAM) durante o período gestacional promove baixo peso ao nascer e que este, quando associado ao crescimento acelerado nas primeiras semanas de vida, propicia obesidade futura. O objetivo desse trabalho foi verificar, em ratos, se a RAM in utero (50%) modifica processos metabólicos (lipogênese e lipólise) e inflamatórios no tecido adiposo mesentérico (TAme) de descendentes jovens com 12 semanas de vida, em momento anterior ao surgimento da obesidade. Para tal, avaliamos a capacidade funcional das células adiposas do TAme em realizar lipogênese (através da incorporação de Glicose marcada com 14C em lipídios) e lipólise (realizada pela incubação de adipócitos com ou sem isoproterenol) e a expressão de genes vinculados a esses processos (por RT-PCR em Tempo Real). Também, foi realizada a análise de marcadores pró inflamatórios no TAme desses animais (por ensaio Multiplex). Observamos que os descendentes que passaram por RAM in utero tiveram baixo peso ao nascer (BPN) comparados com descendentes que não passaram por RAM e que, portanto, tiveram seu peso normal ao nascimento (PNN). Com 12 semanas de idade o grupo BPN apresentou peso corporal e comprimento naso-anal equiparados ao PNN. Entretanto, o TAme dos animais BPN apresentou-se reduzido e, uma vez que o volume dos adipócitos mesentéricos estava igual, pudemos concluir menor quantidade total de células adiposas nesse momento de vida no grupo BPN. Ainda, os níveis de insulina e glicose circulantes apresentavam-se iguais entre os grupos, porém, os níveis de triacilgliceróis (TAG) circulantes estavam aumentados no grupo BPN. Nossos resultados demonstraram diminuição de aproximadamente 55% na capacidade lipogênica basal e 64% na capacidade lipogênica estimulada com insulina nos animais BPN comparados com animais PNN. A expressão de genes relacionados a lipogênese (LPL, G6PDH, ME1, ACLY, ACACA, FABP4, FAT/CD36, DGAT1, DGAT2, AGPAT1, AGPAT2) está também suprimida, reforçando o achado. Paralelamente, a elevação observada nas citocinas pró inflamatórias IL1, IL6 e TNFα, tanto em extrato de tecido quanto em adipócitos em cultura, pode explicar a supressão do processo lipogênico e a resistência à insulina encontradas nesse tecido. A capacidade dos adipócitos BPN em realizar lipólise também estava diminuída. Ainda, observamos a expressão do gene antilipolítico ADRA2A aumentada e os genes pró-lipolíticos (ADRB2, AQP7, PLIN, ATGL, HSL e MGL) reprimidos, corroborando com os dados do ensaio funcional. Nossos dados nos permitem concluir que a RAM de 50% durante o período gestacional promove, nos descendentes com 12 semanas de idade, redução da capacidade de armazenamento de energia, resultando em aumento de TAG circulante e acúmulo ectópico de lipídios no fígado, além de promover inflamação local do TAme. Essa inflamação local não está acompanhada, ainda, de aumento de adiposidade, demonstrando que os marcadores pro-inflamatórios aumentam antes do incremento do TA. Tal inflamação promove no TAme dos animais BPN resistência à insulina que pode, futuramente, resultar em resistência sistêmica e desenvolvimento de síndrome metabólica. Ainda, o aumento de glicocorticoides nos animais BPN pode ser um mecanismo encontrado pelo organismo para estimular a diferenciação de pre-adipócitos em adipócitos, podendo este ser um fator importante para a expansão do TA encontrada nesses animais em idade mais avançada. |