Resumo: |
Estudantes universitários são uma população exposta a condições que prejudicam sua saúde física e mental como a irregularidade nos padrões de sono e exposição inadequada à luz, cujas consequências incluem alta prevalência de sintomas de ansiedade, depressão, alterações de sono e desajuste circadiano. Evidências têm demonstrado que as intervenções baseadas em mindfulness promovem saúde e bem-estar ao desenvolver no praticante habilidades que lhe resguardam de eventos mentais negativos. Alguns trabalhos demonstram que a prática regular também é capaz de melhorar a qualidade de sono e reduzir as queixas associadas a esse comportamento. Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi caracterizar o bem-estar subjetivo de estudantes universitários e avaliar os efeitos do Programa de Promoção da Saúde Baseado em Mindfulness sobre o sono e ritmos circadianos, visto que umas das atuações do sistema de temporização é sobre a regulação da propensão ao sono. Essa tese foi dividida em dois estudos: o Estudo 1, transversal, no qual 615 estudantes preencheram um formulário eletrônico que continha questões sobre fatores sociodemográficos e comportamentais que poderiam estar relacionados com o bem-estar subjetivo. Foi aplicado um modelo de mediação para avaliar o efeito dos fatores sociodemográficos sobre variáveis comportamentais mediadoras e sobre o desfecho principal, o bem-estar subjetivo. O Estudo 2, longitudinal, randomizado, controlado, com dois braços paralelos (Programa de Promoção da Saúde Baseado em Mindfulness e Psico-educação em Sono). As intervenções constituíram-se de oito encontros semanais (um por semana), com duração de uma hora, as avaliações foram feitas em três momentos: pré-intervenção (dez dias antes do início da intervenção), durante (entre a terceira e quarta semanas) e pós-intervenção (uma semana após o término da intervenção). As medidas incluíram questionários validados com base no autorrelato sobre a qualidade de sono, estresse, bem-estar e saúde mental, e objetivas, pelo uso da actigrafia e pela quantificação de parâmetros circadianos. No Estudo 1 observamos que alguns fatores estavam associados com maior bem-estar subjetivo: preferências circadianas matutinas, identificação com o gênero masculino, saúde mental preservada e prática de pilates ou yoga. Já as variáveis que mediaram o bem-estar subjetivo foram: estresse percebido, qualidade subjetiva de sono, sintomas de depressão e afetos positivos. Já no Estudo 2 não observamos efeitos significativos do Programa de Promoção da Saúde Baseado em Mindfulness sobre a qualidade subjetiva e objetiva de sono, estimada pela actigrafia, e sobre a ritmicidade circadiana, quando comparados os três momentos de avaliação e com o grupo controle. No entanto, o Programa foi capaz de aumentar o bem-estar subjetivo dos estudantes e, a depender do desfecho, o cronotipo foi moderador de alguns efeitos de ambas as intervenções. Houve uma maior adaptação dos estudantes com tendências vespertinas ao Programa de Promoção da Saúde Baseado em Mindfulness (ex. aumento do bem-estar subjetivo que se manteve no follow-up de seis meses) e a Psico-educação em Sono (ex. aumento do MESOR, avanço do M10c e aumento da razão noite/dia da excreção de 6-sulfatoximelatonina). Nosso objetivo de caracterização do bem-estar subjetivo de estudantes universitários foi contemplado, assim como pudemos descrever os efeitos do Programa de Promoção da Saúde Baseado em Mindfulness sobre o sono e ritmos circadianos. |
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