Variabilidade individual na resposta comportamental e na ativação de neurônios NPY no hipocampo dorsal induzidas pela privação materna em um modelo de transtorno de estresse pós-traumático em ratos Wistar

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Zanta, Natália Cristina [UNIFESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://hdl.handle.net/11600/71446
Resumo: Fundamentação teórica: O Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) caracteriza-se por uma série de sintomas que implicam em prejuízos em diversos âmbitos da vida. Adversidades na infância representam um dos principais fatores de risco para este transtorno. A privação materna por 24 h (PM) é um modelo de perda do cuidado parental e negligência extrema e tem sido amplamente utilizada para estudar as consequências tardias de eventos adversos precoces. Além de induzir comportamentos relevantes para transtornos emocionais, a privação materna induz prejuízos no sistema no neuropeptídeo Y (NPY), um importante fator de resiliência ao estresse. Objetivo: No presente estudo nos propusemos a investigar se a PM representa um fator de risco para o desenvolvimento de alterações relevantes para o TEPT e manifestação de comportamentos do tipo comorbidade, bem como a relação dessas alterações com o sistema do NPY. Metodologia: No Experimento I, ratos Wistar de ambos os sexos foram submetidos, ou não (CTL), à PM nos dias pós-natais (DPN) dia 3 (PM3) ou 11 (PM11). No DPN 60 os animais foram expostos (UWT+), ou não (UWT-), ao trauma por imersão em água (underwater trauma – UWT). Antes do UWT (ou no momento correspondente para os animais não expostos ao trauma), foi apresentado um odor de baunilha como pista associativa. Os animais foram avaliados no Teste de Splash de Sacarose (TSS), um dia antes (TSS1 – DPN 59) e quatro semanas depois (TSS2 – DPN 89) do UWT, para avaliação do comportamento hedônico e de autocuidado. No dia seguinte ao TSS2 (DPN 90), os animais foram submetidos ao Labirinto em Cruz Elevado (LCE) para avaliação de comportamento do tipo-ansioso. Antes de serem colocados no aparato, o odor de baunilha foi apresentado novamente como lembrete da situação do trauma. Noventa minutos após o término do LCE, os animais foram perfundidos para a preservação dos encéfalos. O peso corporal foi registrado nos DPNs 21, 60 e 90. Para estabelecer a variabilidade individual, utilizamos o perfil comportamental de cada animal, considerando dois parâmetros do TSS2 (frequência de grooming facial e corporal) e seis parâmetros do LCE (%entrada nos braços abertos, %tempo nos braços abertos, visitas nas extremidades dos braços abertos, ambulação nos braços fechados, %ambulação nos braços abertos e tempo de grooming). Para este procedimento, cada parâmetro de cada animal foi comparado à média ± 1 d.p.m do grupo CTL/UWT-, em cada sexo, como valores de referência. Animais que apresentaram entre 0 a2 comportamentos fora da faixa de referência, foram classificados como “Não-afetados”, 3 a 5 comportamentos, foram classificados como “Intermediários” e entre 6 a 8 comportamentos, “Afetados”. No Experimento II foi realizada a análise da imunorreatividade para NPY e da ativação neuronal por imuno-histoquímica de fluorescência nas regiões do hipocampo dorsal e amígdala basolateral em amostras de fêmeas de todos os grupos, nos três fenótipos comportamentais. Resultados: Animais privados da mãe, de ambos os sexos, apresentam menor peso corporal no DPN 21 do que os CTL, que foi recuperado ao longo do desenvolvimento. A PM3 diminuiu o autocuidado em ambas as avaliações do TSS. Fêmeas apresentaram maior comportamento de autocuidado no TSS e menor emocionalidade no LCE do que os machos. O perfil comportamental não indicou diferença na proporção dos fenótipos em animais de ambos os sexos, embora nas fêmeas a porcentagem de indivíduos no fenótipo de vulnerabilidade (“Afetados” + “Intermediários”) seja quase o dobro dos machos. O trauma aumentou a imunorreatividade para o NPY no hipocampo dorsal. Uma análise de correlação indicou associação negativa entre a imunorreatividade para o NPY ou entre a ativação de neurônios NPY e o índice de ansiedade avaliado no LCE. Conclusão: Os resultados deste estudo reforçam que o estímulo traumático é importante, mas não essencial para o desenvolvimento de alterações relacionadas ao TEPT e que o sistema do NPY atua como um fator de resiliência para alterações relacionadas ao estresse.