Resposta imune mediada por linfócitos T CD8+ na infecção experimental pelo Trypanosoma cruzi

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2008
Autor(a) principal: Tzelepis, Fanny [UNIFESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://repositorio.unifesp.br/handle/11600/23897
Resumo: Embora esteja bem estabelecido, há mais de quinze anos, que linfócitos T CD8+ restritos por moléculas de MHC-Ia são importantes no controle da parasitemia e sobrevivência de camundongos infectados com Trypanosoma cruzi, pouco se sabia da especificidade desses linfócitos. A ausência de epítopos bem definidos impedia o estudo detalhado da cinética da resposta imune e dos mecanismos de controle da imunodominância. Assim, o objetivo inicial desta tese foi a identificação de epítopos reconhecidos pelos linfócitos T CD8+ ativados durante a infecção pelo T. cruzi. Uma vez definidos esses epítopos, estudamos a cinética de ativação dessas células e alguns dos parâmetros que a controlavam. Por fim, estudamos os possíveis mecanismos de imunodominância durante a resposta imune. Durante a infecção experimental com a cepa Y de T. cruzi, nós observamos que os epítopos VNHRFTLV, IYNVGQVSI ou TEWETGQI foram reconhecidos por camundongos infectados C57BL/6, BALB/c ou B10.A, respectivamente. Esses epítopos, expressos por membros da família das trans-sialidases, geraram forte resposta imune medida pela citotoxicidade in vivo ou pela produção de IFN-γ ex vivo (Elispot). A cinética da ativação desses linfócitos T CD8+ se iniciou no pico da parasitemia e dependeu da carga parasitária. Ou seja, quanto mais tempo a parasitemia demorou para atingir o pico, mais lenta foi a aparição das células específicas. Uma vez que a resposta chegou ao máximo, essa se manteve alta por meses e só então começou a declinar lentamente. O fenótipo dos linfócitos T CD8+ específicos de memória é CD62Llow, característico de células de memória efetoras. Tanto a cinética, quanto o fenótipo dessas células diferiram dos achados observados para vírus, bactérias e outros protozoários intracelulares. Em animais previamente vacinados com DNA plasmidial ou proteínas recombinantes, uma significativa aceleração da resposta imune específica foi observada, a qual correlacionou com a imunidade protetora. A fim de estudarmos os fatores que contribuíram para ativação dessas células, nós utilizamos camundongos geneticamente deficientes. Observamos que a deficiência para a produção de IL-12 e Interferon tipo I não causou nenhuma redução na geração das células citotóxicas específicas. O mesmo foi observado em animais deficientes para os receptores do tipo Toll 2, 4 ou 9. Por outro lado, animais geneticamente deficientes que não expressavam as moléculas de MHC-II ou CD4 apresentaram significativa redução na resposta específica de linfócitos T citotóxicos. O estudo dos mecanismos que controlam a imundominância da resposta imune mediada por linfócitos T CD8+ específicos foi feito, inicialmente, pela comparação da resposta imune em camundongos C57BL/6. Observamos que a resposta imune para o epítopo VNHRFTLV foi imunodominante sobre os demais epítopos restritos pelo MHC-Ia H-2Kb . A fim de determinar se essa imunodominância poderia ser exercida sobre epítopos restritos por MHC-Ia H-2Kk (TEWETGQI) ou H- 2Kd (IYNVGQVSI), comparamos as respostas imunes em camundongos infectados homozigotos e heterozigotos. No caso do epítopo VNHRFTLV, nós observamos que a resposta imune se manteve alta em ambas as linhagens de camundongo. Já no caso dos dois outros epítopos restritos por MHC-Ia, H-2Kk ou H-2Kd , observamos uma significativa redução na resposta imune dos animais heterozigotos em relação aos homozigotos. Essa competição não foi dependente do tempo ou da dose de parasitas inoculados. Também não foi observada quando os animais foram imunizados com adenovírus recombinantes contendo esses mesmos epítopos. O mais importante foi observar que a imunodominância pode ser evitada quando duas cepas de parasitas, contendo epítopos imundominantes distintos, foram utilizadas simultaneamente para infecção, sugerindo que há uma competição pelas células apresentadoras de antígenos durante o “priming”. Esse mecanismo de imundominância reduz a magnitude e o repertório da resposta imune e pode ser um mecanismo sofisticado de escape do parasita para evitar a eliminação completa pelos mecanismos efetores do hospedeiro.