Vozes do sufoco: percepções de usuários de um CAPS II sobre o cuidado em situações de sofrimento psíquico

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Almeida, Juliana de Menezes [UNIFESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://hdl.handle.net/11600/72710
Resumo: A Reforma Psiquiátrica e os movimentos da Luta Antimanicomial defenderam importantes transformações no campo da Saúde Mental. Mas, há atualmente espaço para usuários participarem da definição do cuidado a eles oferecido? O objetivo desta pesquisa foi compreender o que usuários de um CAPS II percebem como cuidado em situações de sofrimento psíquico. Objetivos específicos: identificar percepções dos usuários sobre cuidado, escuta e acolhimento por parte de pessoas próximas, profissionais e de si mesmo; identificar de que modo a menção ao fenômeno do sofrimento psíquico e a sua recepção acontecem no contexto grupal. Trata-se de uma pesquisa qualitativa de inspiração etnográfica. Foram acompanhados dois grupos terapêuticos fechados ao longo de oito encontros cada: um grupo de mulheres com cinco participantes e um grupo de jovens com dez participantes. Os dados foram produzidos por meio de diário de campo e analisados a partir da etnografia interpretativa de Clifford Geertz. Como resultados tivemos que: gênero e condições econômicas se destacaram como marcadores sociais que interferem na percepção e acesso ao cuidado; o cuidado não é considerado um valor em nossa sociedade; experiências de sofrimento e cuidado parecem não caber na rotina e são compreendidos como responsabilidade individual; o cuidado de outros pode produzir sofrimento quando não há mutulidade. Concluímos que o lugar dos usuários na produção de políticas de cuidado continua periférico, ainda que seja perceptível seu interesse e disposição para experiências de cuidado coproduzidas; e também que o dispositivo grupal mostrou-se um espaço propício para a produção de reflexões e experimentações.