Implicações do uso de nutrição parenteral total (NPT) no transplante alogênico de células tronco hematopoéticas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2008
Autor(a) principal: Tirapelli, Bruna [UNIFESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://repositorio.unifesp.br/handle/11600/10954
Resumo: Introdução: Dentre as complicações que acometem os pacientes submetidos ao transplante alogênico de células tronco hematopoéticas destacam-se aquelas que afetam o desempenho nutricional. Esses pacientes apresentam hipermetabolismo conseqüente à quimioterapia e ou radioterapia e cursam com distúrbios do trato gastrointestinal como náusea, vômito, diarréia, mucosite, alteração do paladar, salivação e anorexia, havendo com isso uma redução ou mínima ingestão oral que resulta em déficit nutricional importante. Freqüentemente, os transplantados de células tronco hematopoéticas demandam de suporte nutricional adicional para adequada manutenção de aporte calórico e protéico. A nutrição parenteral total (NPT) é a forma de nutrição mais comumente utilizada uma vez que a alimentação enteral é desaconselhada por riscos de aspiração, sinusite e vômito, além de alterações de trânsito gastrointestinal presentes na terapia anti-neoplásica. A NPT acarreta distúrbios de função hepática, do metabolismo da glicose e rico de infecção, dentre outras complicações. Objetivos: Avaliar as implicações clínicas do uso de NPT em transplante alogênico de células tronco hematopoéticas, correlacionando-as às principais complicações do transplante como doença venoclusiva hepática, doença do enxerto contra hospedeiro aguda e infecções. Analisamos a relação entre NPT e alterações da glicemia, função hepática, enxertia de leucócitos e plaquetas, dependência de hemocomponentes e sobrevida geral. Métodos: Nesse estudo retrospectivo e comparativo foram incluídos 199 pacientes adultos de duas instituições hospitalares com características semelhantes, portadores de doenças onco-hematológicas submetidos a transplante alogênico de células tronco hematopoéticas, dividindo-os em dois grupos: pacientes que receberam nutrição parenteral total (NPT+) e pacientes que não necessitaram de NPT (NPT-). Resultados: O uso de NPT demonstrou ser um fator de risco isolado para doença venoclusiva hepática (p= 0, 005, IC: 1,6-15,6) quando analisado conjuntamente com a data do transplante e tipo de regime de condicionamento mieloablativo. A idade inferior à mediana de 34 anos mostrou-se significante para o uso de NPT (p=0, 0001). Entre a comparação dos grupos, a enxertia plaquetária mostrou significante piora no grupo NPT+ (p= 0, 0004) e conseqüente dependência de transfusão de plaquetas neste grupo (p=0, 003). A hiperglicemia (p= 0, 0001), a bilirrubina total xvi (p=0, 002) e a bilirrubina direta (p=0, 003) foram os exames laboratoriais que se mostraram significantes no mesmo grupo. A NPT foi fator de risco para mortalidade relacionada ao transplante (p=0, 009, IC: 1,2-2,8) quando analisada conjuntamente com o sexo, data do transplante e idade maior que a mediana. Conclusões: Concluímos que a NPT, quando utilizada de forma profilática, aumentou as complicações pós-transplante, a exemplo da doença venoclusiva hepática, doença do enxerto contra hospedeiro aguda e taxa de mortalidade precoce relacionada ao transplante.