O papel do jejum intermitente 16/8 na ingestão alimentar e gasto energético modulando o peso corporal de camundongos obesos e magros

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Arruda, Adriano Cleis de [UNIFESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.unifesp.br/handle/11600/69067
Resumo: A obesidade e o sobrepeso estão aumentando anualmente; estima-se que mais de 1.9 bilhões de pessoas no mundo apresentam sobrepeso e 650 milhões de pessoas são obesas. Nos últimos anos, o papel do tecido adiposo marrom (TAM) no combate a obesidade vem sendo evidenciado. A ativação do TAM representa uma oportunidade de aumentar o gasto energético e reduzir o peso corporal. O jejum intermitente (JJI) tem se tornado uma das dietas mais realizadas no mundo no combate à obesidade. Poucos estudos abordam o papel do JJI no processo de ativação do TAM. Assim sendo, o objetivo deste trabalho foi avaliar o papel do JJI na ativação do TAM, via atividade termogênica pós-prandial em animais magros e obesos. Os animais magros foram divididos em 2 grupos: grupo controle (SD) e grupo JJI (16/8 SD). A ração foi removida as 6:00 e recolocada as 22:00 diariamente por 35 dias. Após 35 dias, o grupo 16/8 SD apresentou aumento do peso corporal (+8%). Concomitantemente, o grupo 16/8 SD apresentou hiperfagia, apresentando um aumento da ingestão alimentar em 25% em comparação ao grupo SD. o grupo 16/8 SD apresentou redução do VO2 e heat. Da mesma forma, o grupo 16/8 SD apresentou redução da temperatura por termografia no TAM. Para demonstrarmos o efeito da hiperfagia no aumento do peso corporal, realizamos a adição do grupo Pair Feeding (16/8 SD Pair Feeding). O grupo 16/8 SD Pair Feeding, foi capaz de atenuar o ganho de peso corporal induzido pela 16/8. Interessantemente, o gasto energético foi reduzido em ambos os grupos 16/8, demonstrando que o aumento de peso corporal é dependente da ingestão alimentar. Para vermos se o efeito de aumento de peso corporal se repetia em animais obesos, nós induzimos a obesidade por dieta rica em gordura (HFD) e dividimos em dois grupos: grupo controle obeso (HFD) e 16/8 HFD. De uma forma oposta ao grupo de magros, o JJI em animais obesos é capaz de reduzir o peso corpora (-8%) em comparação ao grupo HFD. Da mesma forma, o grupo 16/8 HFD apresentou redução da ingestão alimentar em comparação ao grupo HFD. Interessantemente, o grupo 16/8 HFD apresentou aumento do gasto energético pós-prandial (VO2 e heat). Da mesma forma, o grupo 16/8 HFD apresentou aumento da temperatura no TAM pós-prandial. O grupo 16/8 HFD apresentou aumento da massa do TAM em torno de 82% em comparação ao grupo HFD. Para vermos se o mecanismo era via aumento da UCP1, quantificamos a expressão proteica da UCP1 no TAM e observamos que não houve aumento da expressão da UCP1. No entanto, como a massa do TAM é maior, acreditamos que o aumento do conteúdo proteico da UCP1 multiplicado pela massa do TAM é um dos mecanismos centrais no aumento da termogênese pós-prandial e redução do peso corporal. Para evidenciarmos o papel da UCP nesses fenômenos, os grupos UCP1 KO foram avaliados. O grupo UCP1 KO 16/8 HFD não apresentou redução do peso corporal, não apresentou hipofagia e nem aumento da termogênese pós prandial, demonstrando assim, que a UCP1 é uma das proteínas centrais nos fenômenos realizados pelo JJI. No entanto, para demonstrarmos que o efeito é via aumento da atividade do TAM e não o browning do TAB, nós desnervamos o TAM e foram divididos em 4 grupos: HFD, HFD+Denervação, 16/8 HFD e 16/8 HFD+Denervação. O efeito no aumento da termogênese pós-prandial foi abolino no grupo 16/8HFD+Denervação, demonstrando assim que a atividade termogênica pós-prandial é via TAM. Interessantemente, a termogênese pós-prandial foi acompanhada pelo aumento da concentração de leptina plasmática. Como a leptina é um dos controladores da ingestão alimentar, e para vermos se ela é uma das moléculas centrais na hipofagia, nós realizamos a administração de leptina exógena, nos grupos HFD e 16/8 HFD, assim, a administração exógena de leptina foi capaz de reduzir a ingestão alimentar em 35% e aumentar a temperatura do TAM no grupo 16/8 HFD+Denervação. Para demonstrarmos que a leptina pode ser um dos controladores da atividade da UCP1 no TAM, nós realizamos o 16/8 nos animais ob/ob e como esperávamos, a termogênese pós prandial foi abolida no grupo ob/ob 16/8 HFD, o que corrobora com o papel da leptina no jejum intermitente 16/8. Desta forma, este estudo demonstra que o jejum intermitente é capaz de reduzir o peso corporal em animais obesos via hipofagia, aumento da massa do TAM, aumento do conteúdo da UCP1 e a leptina é um dos sinalizares para ocorrer a termogênese pós-prandial.