Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2021 |
Autor(a) principal: |
Silva, Renata Lopes da [UNIFESP] |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de São Paulo
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://hdl.handle.net/11600/63110
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Resumo: |
As discussões acadêmicas em torno das associações entre literatura e ensino, ou sobre ensino de literatura são constantes. Muitas delas demonstram tentativas de compreender o (não) lugar da literatura na escola, abordando os entraves do processo de formação de leitores e apontando possíveis caminhos para superar esses impasses. Inquietações dessa natureza são ainda mais necessárias quando contemplam a leitura de adaptações de obras clássicas. Existem diversas adaptações das obras de Machado de Assis (1839-1908). Esta pesquisa de mestrado propõe, em particular, a análise de uma adaptação para os cordéis do conto “A Cartomante” (1884), recontado e ilustrado, respectivamente, por Antonio Barreto e Valdério Costa, em 2012. A história da relação amorosa secreta entre Rita e Camilo é reapresentada aos leitores por meio dos melódicos versos da literatura de cordel e dos marcantes traços das xilogravuras. Esta investigação busca descrever e interpretar essa adaptação, a fim de delinear um quadro dos elementos artístico-literários mobilizados em seu processo de transposição e, com base nessa análise, discutir a formação de leitores na escola. Como fundamentação teórica, recorremos às reflexões sobre as singularidades da literatura e suas implicações para o ensino propostas por Italo Calvino (1990); Paulo Franchetti (2009); João Alexandre Barbosa (1996); João Adolfo Hansen (2017); Rildo Cosson (2014); Hans Robert Jauss (1994); Vera Teixeira de Aguiar (1993); Vincent Jouve (2002); Jover-Faleiros (2013); Hans Gumbrecht (2010, 2014); adotamos os conceitos de adaptação propostos por Linda Hutcheon (2013) e Gerárd Genette (2010); consideramos as especificidades históricas, temáticas e estruturais da literatura de cordel, com apoio em Bráulio Tavares (2005), Jerusa Ferreira (2019), Sebastião Batista (1982) e Paul Zumthor (1993, 1997, 2000, 2005); pensamos as particularidades das adaptações em cordel a partir dos estudos de Márcia Abreu (2004); examinamos detalhes sobre as xilogravuras, considerando Franklin Maxado (1982), Luís Camargo (1995), Antônio Costella (2006) e Luli Hata (1999) e discorremos acerca das relações entre cordel e sala de aula com os trabalhos de Hélder Pinheiro (2013, 2018) e Ana Cristina Marinho e Pinheiro (2012). A metodologia empregada corresponde à leitura comparativa entre a obra machadiana e sua adaptação, aliada ao estudo da bibliografia proposta. A análise da adaptação do conto “A Cartomante” permite a identificação de alguns procedimentos adaptativos. Dentre eles: uso de sextilhas e de redondilha maior; ciência sobre o ato de adaptar expressa pelo poeta; menções ao nome de Machado como autor erudito; supressão de trechos excessivamente descritivos; inserção de adjetivos para adequação dos versos à quantidade de sete sílabas poéticas; demarcação do cordel como elemento popular; apelo à voz e a performance durante a leitura e presença de xilogravuras em formato de cartas de tarô, que remetem ao misticismo da personagem que intitula o conto. Esses aspectos demonstram a relevância da adaptação para o debate sobre formação de leitores e, portanto, viabilizam a descrição de algumas sugestões metodológicas planejadas para respaldar o trabalho com a adaptação em uma aula de literatura. |