Avaliação nutricional dos pacientes com narcolepsia segundo os níveis de hipocretina-1 no líquido cefalorraquiano

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Reis, Maria Júlia Figueiró [UNIFESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://hdl.handle.net/11600/71002
Resumo: INTRODUÇÃO: Muito além da sonolência excessiva diurna ligada à narcolepsia, estudos recentes vêm indicando novos alvos para o manejo da qualidade de vida nessa população. Avanços importantes foram feitos em crononutrição, especialmente evidenciando-se uma tendência ao ganho ponderal e provavelmente à rarefação óssea. O objetivo do nosso estudo foi avaliar esse espectro adicional de sintomas, correlacionando-o com o tipo de narcolepsia, com a dosagem de hipocretina-1 no líquido cefalorraquiano (LCR) e com características cronobiológicas. MÉTODOS: Foram selecionados pacientes adultos com narcolepsia do tipo 1 (NT1) e do tipo 2 (NT2), os quais foram submetidos a medições antropométricas padronizadas (índice de massa corporal e relação cintura-quadril, respectivamente IMC e RCQ), análise de impedância bioelétrica (BIA) e avaliação nutricional por meio de um recordatório alimentar de 24 horas (24HR). O percentual de massa mineral óssea (%MMO) foi obtido por meio da divisão da massa mineral óssea pelo peso, ambos medidos via BIA. Indivíduos que consumiram uma quantidade maior de calorias antes das 15:00 foram classificados como matutinos, enquanto os demais foram classificados como vespertinos. As medições antropométricas e o %MMO foram então analisados em função do tipo de narcolepsia, dos níveis de hipocretina-1 e do perfil nutricional de matutinidade-vespertinidade. Valores de p inferiores a 0,05 e um intervalo de confiança de 95% foram adotados como condições de significância estatística. RESULTADOS: Foi avaliado um total de 49 pacientes (31 com NT1 e 18 com NT2). Os pacientes com NT1 demonstraram maior grau de obesidade que aqueles com NT2, além de uma tendência à rarefação óssea (IMC: 32,04±6,95 vs. 25,38±4,26 Kg/m2, p<0,01; RCQ: 0,89±0,09 vs. 0,83±0,09, p=0,02 e %MMO: 4,1±1,02 vs. 4,89±0,59%, p<0,01). Tais achados parecem estar ligados às dosagens de hipocretina-1, já que elas tiveram correlação negativa com o ganho de peso (IMC: r=-0,54, p<0,01 e RCQ: r=-0,37, p=0,01) e correlação positiva com o %MMO (r=+0,48, p<0,01). O perfil de matutinidade-vespertinidade não se associou a uma modificação nas medidas antropométricas ou na massa mineral óssea. Entretanto, de forma interessante, pacientes vespertinos realmente tiveram uma maior ingestão de calorias durante o dia (2700,00±834,23 vs. 2237,82±550,73 kcal, p=0,03), e as análises globais mostraram uma correlação positiva entre a ingesta calórica diária e a RCQ (r=+0,42, p<0,01). Em contraste com estudos prévios, a modafinila não modificou o %MMO (4,51±0,75 vs. 4,16±1,27%, p=0,54). Também não foram observadas diferenças no padrão de uso da medicação entre NT1 e NT2 ou entre matutinos e vespertinos. CONCLUSÕES: O perfil de morbidade inerente à narcolepsia pode incluir fatores que vão além da sonolência excessiva necessária ao seu diagnóstico. Embora os dados sejam incipientes e haja a necessidade de novos estudos para a confirmação, os profissionais de saúde devem prestar especial atenção ao ganho de peso e a uma possível rarefação óssea, com vistas a permitir uma detecção precoce de doença, seguida do correto manejo clínico.