Análise morfofuncional de órgãos reprodutivos masculinos e investigação do comportamento sexual em modelo animal de mucopolissacaridose do Tipo I (MPS I)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Nascimento, Cinthia Castro do [UNIFESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/trabalhoConclusao/viewTrabalhoConclusao.jsf?popup=true&id_trabalho=6313504
https://repositorio.unifesp.br/handle/11600/52880
Resumo: A Mucopolissacaridose do Tipo I (MPS I) é uma doença de depósito lisossômico causada pela mutação do gene IDUA, codificador da enzima α-L-iduronidase. Trata-se de uma hidrolase lisossômica que degrada heparan e dermatan sulfatos, dois tipos de glicosaminoglicanos (GAGs). GAGs são moléculas estruturais e sinalizadoras, abundantes na matriz extracelular e importantes para a manutenção fisiológica de células e tecidos. Devido à deficiência enzimática, os GAGs são continuamente acumulados em inúmeros tipos celulares, o que caracteriza a doença como multissistêmica e progressiva. Com o aumento da expectativa de vida dos pacientes em decorrência das possibilidades terapêuticas, julgou-se relevante avaliar o efeito da doença sobre parâmetros reprodutivos masculinos e sobre o comportamento sexual do modelo animal de MPS I. Utilizamos camundongos machos C57BL, de 6 meses de idade, com genótipo normal (Idua+/+) e afetado (Idua-/-) para avaliar a morfologia de testículos, epidídimos, vesículas seminais e próstatas. O comportamento sexual foi observado aos 3 e 6 meses de idade. Alguns acasalamentos foram monitorados para que a ocorrência de prenhez fosse registrada. As quantificações hormonais e de GAGs também foram obtidas. Na análise morfológica, encontramos células intersticiais vacuolizadas em todos os órgãos avaliados referentes ao grupo Idua-/-. Danos epiteliais epididimários foram detectados, embora a morfologia e motilidade espermáticas estivessem mantidas. As vesículas seminais apresentaram menores pesos absolutos e relativos (p=0,013 e p=0,009; respectivamente) e sinais de atrofia, enquanto as próstatas foram bastante comprometidas, contendo alguns ácinos com sinais de necrose. Sob análise ultraestrutural, detectamos alterações nas células mioides, de Leydig e de Sertoli. As últimas com maior quantidade de vesículas contendo material em digestão semelhantes a autofagossomos (p=0,0005) e menor número de vesículas semelhantes a lisossomos (p=0,01). Porém, sob análise molecular, não comprovamos aumento de proteínas autofágicas oriundas do homogenato testicular. Quanto ao comportamento sexual, detectamos maiores latências de montas no grupo Idua-/- independentemente da idade (p=0,05) e também de intromissões no grupo Idua-/- de 3 meses (p=0,02), provavelmente devido à limitação motora comprovada pelo teste do campo aberto, que indicou menor atividade horizontal e vertical independentemente da idade dos animais Idua-/- (p=0,01 e p=0,04 respectivamente). As concentrações de hormônios foram similares entre os grupos e houve acúmulo de dermatan sulfato nos testículos (p<0,0001), epidídimos (p=0,007) e próstatas (p=0,0004). Concluímos que a deficiência da enzima IDUA afeta a morfologia de importantes órgãos reprodutivos, porém, os gametas são morfologicamente normais e móveis. Embora apresentem limitações motoras, machos Idua-/- são aptos à copula e muitos foram capazes de emprenhar fêmeas e gerar filhotes.