Muito além dos nutrientes: a dinâmica alimentar de crianças autistas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Oliveira, Bruna Muratti Ferraz de [UNIFESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/trabalhoConclusao/viewTrabalhoConclusao.jsf?popup=true&id_trabalho=7465016
https://repositorio.unifesp.br/handle/11600/52353
Resumo: A alimentação na infância está estreitamente relacionada ao crescimento e desenvolvimento da criança que podem ser comprometidos com a ingestão inadequada de nutrientes. Durante a infância, as crianças experimentam novos alimentos e podem apresentar neofobia (recusa a alimentos novos) e seletividade alimentar (ingestão alimentar restrita), necessitando de atenção por parte da família e profissionais da saúde e educação. No autismo, caracterizado por uma desordem comportamental com atrasos e desvios no desenvolvimento das habilidades sociais, comunicativas e cognitivas, a neofobia e a seletividade alimentar são observadas de forma acentuada, tornando o momento das refeições difícil e estressante para todos que acompanham este momento, podendo comprometer a saúde da criança. Essa pesquisa teve como objetivo analisar e descrever a alimentação de crianças autistas no ambiente familiar, escolar e institucional. A investigação foi realizada, em 2017, na Associação Amigos dos Autistas da cidade de Sorocaba, São Paulo, com crianças autistas de 03 a 15 anos, em duas etapas. Na primeira, usando a perspectiva etnográfica com registros em diários de campo, foi realizada observação participante de oficinas culinárias e atividades compartilhadas com pais/responsáveis - passeio à feira livre, Festa Julina e piquenique, com vistas a descrever as relações que as crianças estabelecem com o alimento e em grupo. Na segunda etapa, foi realizada entrevista semiestruturada, gravada e transcrita, com pais/responsáveis sobre a trajetória alimentar da criança e os momentos das refeições no ambiente domiciliar e escolar. O material da entrevista foi analisado por meio de análise temática, da qual emergiram duas categorias: seletividade e estratégias alimentares e caminhos e movimentos alimentares. Para a primeira, foram selecionados trechos das entrevistas e, para a segunda, foram apresentadas 3 entrevistas, na íntegra, para ilustrar a trajetória alimentar de crianças autistas. Para a análise dos diários, foram elaboradas tabelas com a descrição das oficinas culinárias, atividades compartilhadas com pais/responsáveis e com trechos dos diários que ilustravam a terceira categoria: experimentações com a comida e o comer. Os resultados mostraram particularidades nas aceitações alimentares, as formas com que os pais/responsáveis lidam com a alimentação dos filhos/crianças, os caminhos alimentares traçados a partir das imprevisibilidades, momentos intensos marcados por recusas, negociações e atitudes alimentares expressivas, bem como as formas com que as crianças autistas se relacionam com a comida e o comer. Pensar a alimentação destas crianças em uma perspectiva ampliada é valorizar a subjetividade, as possibilidades e relações que esta população estabelece com o alimento, o que está além da compreensão biológica e nutricional. Desta forma, inseriu-se a proposição do conceito dinâmica alimentar para pensar a alimentação de crianças autistas e usou-se, além da etimologia da palavra relacionada à força e potência, suas acepções: da mecânica, relacionada aos movimentos dos corpos, da música, aos diferentes graus de intensidade do som em um trecho musical e da Psicologia Social, como as forças em ação no contexto de um grupo. Esta proposta conceitual engloba as mudanças e movimentos presentes na alimentação destas crianças e as possibilidades que emergem da relação que esta população estabelece com o alimento e o comer.