Uso do implante intravítreo de dexametasona nas doenças vitreoretinianas e suas complicações: estudo clínico multicêntrico de vida real e modelo matemático de biodegradação

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Gonçalves, Mariana Batista [UNIFESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://hdl.handle.net/11600/71105
Resumo: Objetivos: Estudo 1: Avaliar a prevalência, os fatores de risco e o manejo da migração do implante intravítreo de dexametasona para a câmara anterior (MICA) nos olhos com edema macular (EM). Estudo 2: Introduzir um modelo matemático para representar liberação de medicação e o processo de degradação do Ozurdex® (Allergan, Inc, Irvine, CA) em olhos vitrectomizados e não vitrectomizados. Estudo 3: Introduzir um modelo matemático para representar os efeitos do Ozurdex® no EM, utilizando imagens de tomografia de coerência óptica (OCT). Métodos: Estudo 1: Foi realizado um estudo multicêntrico, que consistiu na revisão de prontuários médicos de pacientes com EM submetidos a, pelo menos, uma injeção de Ozurdex®. Estudo 2: O modelo matemático foi desenvolvido em três etapas. Inicialmente, um modelo geométrico do olho humano foi desenvolvido utilizando-se parâmetros anatômicos, fisiológicos e dados do Ozurdex®. Em seguida, um modelo da dinâmica de fluidos no vítreo e na retina foi construído, levando em conta três possíveis cenários: cavidade vítrea preenchida por: 1) vítreo; 2) solução salina balanceada (BSS); e 3) óleo de silicone (OS). Por fim, um modelo para representar a liberação de medicação e a degradação do implante foi elaborado. Estudo 3: O modelo matemático foi desenvolvido em quatro etapas. Assim como no Estudo 2, um modelo geométrico do olho humano foi inicialmente construído, com uma representação anatômica adicional da área de EM. Posteriormente, um modelo da dinâmica de fluidos no vítreo e na retina foi desenvolvido. Em seguida, as mudanças na área de edema macular ao longo do tempo foram modeladas, considerando fatores como a taxa de extravasamento de líquido e a taxa de bombeamento de líquido através da bomba do epitélio pigmentado da retina. Por fim, o modelo matemático de liberação de medicação e a degradação do implante, elaborado no Estudo 2, foi incorporado ao Estudo 3. Resultados: Estudo 1: Dentre as 764 injeções incluídas nesse estudo, foram observados 12 casos de migração do implante, representando uma prevalência de MICA de 1,6%. Uma associação estatisticamente significativa foi observada entre a MICA e a cirurgia de catarata (p = 0,043) e entre a MICA e o status da LIO (p = 0,005), e uma tendência à significância estatística foi observada entre a MICA e a vitrectomia (p = 0,057). Uma maior taxa de migração do implante foi observada em olhos vitrectomizados (4,8%), em comparação a olhos não vitrectomizados (1,6%). O tempo médio entre a injeção e a MICA foi de 17 dias e 91,7% dos pacientes que sofreram essa complicação desenvolveram edema de córnea. Os implantes que migraram foram removidos da câmara anterior (CA) através de fórceps (com ou sem a ajuda de substância viscoelástica), ou através da aspiração com uma cânula de 20-gauge conectada ao sistema de extrusão do vitreófago. Estudo 2: As simulações numéricas evidenciaram um padrão em três etapas no comportamento da molécula de dexametasona, tanto no vítreo quanto na retina. A concentração dessa medicação aumentou de forma pronunciada nos primeiros 20 dias e de forma lenta nos dez dias seguintes, período após o qual começou a cair. Em olhos não vitrectomizados, o comportamento da dexametasona foi qualitativamente similar ao observado em olhos preenchidos com BSS, embora maiores concentrações de droga tenham sido observadas nos primeiros. Em olhos preenchidos por OS, o comportamento da medicação diferiu qualitativa e quantitativamente do observado em olhos não vitrectomizados. Estudo 3: A espessura macular obtida a partir das simulações numéricas 94 e 176 dias após a injeção do implante diferiu, respectivamente, 0,45% e 0,39% da espessura obtida a partir das imagens de OCT. Na etapa de validação do modelo, a diferença média entre as medidas de espessura simuladas e as reais foi de 0,24%. Conclusões: Estudo 1: A MICA é uma complicação potencialmente grave, devido ao risco de edema e descompensação corneana, não tendo sido descrita nos estudos pivotais. Quando diagnosticada, recomenda-se a retirada do implante da CA assim que possível. Estudos 2 e 3: Os modelos matemáticos desenvolvidos nos Estudos 2 e 3 foram capazes de estimar o comportamento farmacocinético do Ozurdex®, bem como seu efeito no EM. Futuros estudos são necessários para validação e aperfeiçoamento desses modelos.