O que pais e profissionais de saúde olham quando dizem que um recém-nascido internado em Unidade de Terapia Intensiva está com dor?

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Borten, Julia Baptista Lopes [UNIFESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.unifesp.br/handle/11600/67307
Resumo: Introdução: Recém-nascidos (RN) internados em UTI são expostos a inúmeros procedimentos dolorosos que se associam à maior morbimortalidade e a alterações do desenvolvimento na infância. Avaliar a dor desses pacientes é um desafio não só por eles serem pré-verbais, mas também pela presença de dispositivos necessários para a monitorização e suporte cardiorrespiratório que dificultam essa avaliação. Não se sabe onde adultos olham para avaliar se o RN criticamente doente tem dor. Objetivo: Verificar o foco do olhar e a percepção de dor de adultos ao avaliar a dor de RN em cuidados intensivos à beira do leito. Método: Estudo observacional, analítico, transversal, no qual pediatras (PED), técnicas de enfermagem (ENF) e pais (PAIS) avaliaram a dor de RN criticamente doentes. Os participantes avaliaram um RN por 20 segundos, sendo o foco do olhar verificado por óculos de rastreamento visual. Ao término eles responderam se o neonato estava com dor ou não, e em caso positivo, conferiram um escore de acordo com a sua intensidade (0=ausência de dor; 10=dor máxima). A concordância entre os grupos quanto à percepção de dor foi verificada pelo coeficiente Kappa. Os desfechos do rastreamento visual - número e tempo das fixações visuais em quatro áreas de interesse (AI) [face, tronco e membros superiores (MS) e inferiores (MI)] foram comparados entre os grupos pelo Teste de Kruskall Wallis. A comparação das características dos adultos e os desfechos do rastreamento visual, em relação à percepção de dor presente ou ausente foram realizadas por modelos de equações de estimação generalizada com distribuição binomial e estrutura de correlação exchangeable. Resultados: Foram estudados 62 adultos (21 PED, 23 ENF e 18 PAIS) que avaliaram 27 RN (idade gestacional 31,8±4,4 semanas; peso ao nascer 1645±1234 gramas). O número de RN avaliados e a concordância quanto à percepção de dor entre os grupos foram: - PED vs.ENF(19 RN; Kappa 0,269); - PED vs. PAIS (13 RN; Kappa 0,133); - ENF vs. PAIS (14 RN; Kappa 0,054); - PED vs. ENF vs. PAIS (11 RN; Kappa 0,261). Os adultos fixaram o olhar mais na face (96,8%) e tronco (96,8%), seguidos dos MS (74,2%) e MI (66,1%). PAIS realizaram maior número de fixações no tronco que ENF (11,0 vs. 5,5 vs. 6,0; p=0,023), sem diferença para as demais AI. Controlado para as variáveis do rastreamento visual, cada segundo de fixação ocular nas AI (1,213; IC95% 1,034-1,422; p=0,018) e nos MS (1,066; IC95% 1,029-1,104; p<0,001) aumentou a chance de percepção de dor presente. Conclusão: Adultos ao avaliarem a dor à beira do leito de RN criticamente doentes fixam o olhar na face, tronco e MS e MI; e o tempo de fixação do olhar nos MS associou-se à percepção de dor presente.