Deleuze, Jarry e a 'Patafísica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Carvalho, Márcio Marques de [UNIFESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.unifesp.br/handle/11600/67445
Resumo: Esta dissertação se propõe a analisar ressonâncias entre a ‘Patafísica de Alfred Jarry e alguns elementos da filosofia de Gilles Deleuze, inclusive em parceria com Félix Guattari. O intuito da pesquisa foi investigar a função da criatividade no pensamento filosófico. Partiu-se de O que é filosofia?, em que Deleuze e Guattari identificam o pensamento como criação, seja em sua expressão conceitual, funcional ou sensível, isto é, enquanto filosofia, ciência e arte. E também de Artimanhas e Opiniões de Dr. Faustroll, patafísico, em que Jarry apresenta a ‘Patafísica, ciência de soluções imaginárias dedicada ao estudo das leis que regem as exceções, uma proposição estética de cunho cientificista que apresenta uma dinâmica muito próxima da imagem rizomática do pensamento. A dissertação está estruturada como um percurso em que a criatividade é abordada no nível sócio histórico, no nível biográfico, no nível da linguagem e no nível cognitivo. São pontuados: o reconhecimento do paradigma estético, a atuação de Jarry na arte, os personagens conceituais da ‘Patafísica e sua formulação teórica, a função do experimentalismo de estilo nas escritas de Deleuze e de Jarry, alguns conceitos de Deleuze e Guattari que propiciam a abordagem da ontologia da diferença, e, por fim, a cognição inventiva. Constatou-se que, ao questionar a imagem dogmática do pensamento, Deleuze desvencilha verdade e recognição; identificando a verdade, enquanto nexo entre modos heterogêneos de existência, à percepção da diferença. Reaproximando o pensamento do sensível, Deleuze legitima relações conceituais não discursivas e não racionais, e promove a convergência entre conceitos, perceptos e afectos. Neste sentido, a arte é importante à filosofia deleuziana por induzir a atenção a voltar-se ao singular do fenômeno antes de submetê-lo à recognição. Ao enfatizar as exceções, Jarry se contrapõe aos referenciais que organizam a realidade por pressupostos; e oferece uma abordagem singular do fenômeno, desvencilhado de essencialidade ou causalidade, como epifenômeno. O que levou Deleuze a abordar a ‘Patafísica em dois artigos curtos, em que a caracteriza pela superação da metafísica e pela antecipação da fenomenologia. Alguns dos elementos que se tornariam relevantes à filosofia deleuziana foram também intuídos por Jarry no início do século XX, como o caos, o virtual, as linhas de fuga e, sobretudo, a atenção à diferença. A busca pela lógica dos movimentos aberrantes e pelas leis que regem as exceções evidencia a convergência entre seus projetos. Conclui-se que o ponto de maior ressonância entre os autores é a proeminência atribuída à criatividade, identificada como aspecto intrínseco ao funcionamento do pensamento por atuar desde a cognição inventiva.