Territórios periféricos na margem da formação de profissionais no e para o SUS?

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Paes, Mariana Fonseca [UNIFESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.unifesp.br/handle/11600/70689
Resumo: Introdução: A formação de profissionais de saúde no contexto da atenção básica tem como padrão-ouro as residências médica e multiprofissional em saúde da família e comunidade, já que em tais perspectivas temos a possibilidade de estabelecimento de práticas crítico-reflexivas pela educação no trabalho considerando as implicações das diversidades e características territoriais no cuidado em saúde. Objetivo: Buscou-se na tese, aprofundar análises sobre as vivências e as percepções dos estudantes de pós-graduação (modalidade residências em saúde) em relação às estratégias educacionais vivenciadas em territórios periféricos da cidade de São Paulo. Já que em tais territórios, temos a composição de situações de vida repletas de diversidades sociais, com situações de vulnerabilidades e potenciais que constituem elementos fundamentais a serem considerados no contexto da formação NO e PARA o Sistema Único de Saúde, ao visar a garantia da universalidade, integralidade e equidade no cuidado em saúde. Método: Utilizou-se o método qualitativo para produção e análise dos dados, a partir da realização de entrevistas cartográficas com residentes do primeiro e segundo ano de dois programas de residência em saúde da família e comunidade na zona leste de São Paulo. As entrevistas foram realizadas de forma aberta, sem estruturação de um roteiro prévio de perguntas, durante o ano de 2021. Após a transcrição e análise das respostas, estruturou-se os núcleos de sentido e principais achados relativos à compreensão da relação dos(as) residentes com os territórios periféricos. Resultados e Discussão: Como principais achados, identificou-se que houve lacunas formativas importantes com relação a vivências mais próximas aos contextos territoriais das periferias, com ausência de aprofundamento sobre os conceitos de território e comunidade, bem como de vivências de territorialização. A pandemia de Covid19, foi um dos fatores determinantes para o distanciamento das vivências dos(as) residentes com os territórios, influenciando atividades de cuidado em saúde, individuais e coletivas intra e extra “muros” das unidades básicas de saúde. Essas lacunas refletiram em poucas possibilidades de ações dos residentes frente às vulnerabilidades identificadas nesses territórios, bem como, para vinculação dos(as) residentes com as realidades e culturas locais, e para lidarem com suas percepções das desigualdades sociais. A ausência de espaços de diálogo e aprofundamento sobre as questões étnico-raciais, representaram mais uma camada das lacunas evidenciadas na investigação, confirmando o distanciamento entre o processo formativo e as realidades periféricas. Por fim, propõem-se reflexões acerca da qualificação do componente comunidade no currículo formativo, tendo como prisma a necessidade de ampliar a abordagem da equidade nos processos educacionais, e utilização do conceito de interseccionalidade como ferramenta teórico-metodológica para abordagem das questões étnico-raciais, sociais e de gênero para práticas formativas implicadas na qualificação da formação e do cuidado em saúde.