Catecolaminas plaquetárias e LDL oxidada em indivíduos com apneia obstrutiva do sono

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Feres, Marcia Cristina [UNIFESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://repositorio.unifesp.br/handle/11600/23272
Resumo: Introdução: A Apneia Obstrutiva do Sono (AOS) e um importante fator de risco para doencas cardiovasculares. Varios mecanismos fisiopatologicos tem sido sugeridos para esclarecer a associacao da AOS com a alta incidencia de morbidade e mortalidade cardiovascular. Entre as doencas cardiovasculares mais prevalentes que aparecem em associacao com a AOS, observa-se a hipertensao (HAS), que abrange 50% de prevalencia no mundo e a aterosclerose, que ocupa um relevante percentual nesse contexto. Um dos mecanismos propostos e o envolvimento do sistema nervoso autonomo, inicialmente durante o sono e gradualmente acometendo o periodo de vigilia, levando a alteracoes da pressao sanguinea. Tais alteracoes envolvem aumento da atividade do sistema nervoso simpatico deflagrado pelos eventos respiratorios associados a elevacao dos niveis de catecolaminas. Esse incremento das catecolaminas, juntamente com a hipoxemia, pode ter atuacao indireta no endotelio favorecendo o mecanismo de inflamacao e geracao de substancias reativas do oxigenio e oxidacao das lipoproteinas LDL-C produzindo a LDL oxidada, facilitando a instalacao da aterosclerose. Alem disso, as catecolaminas estao envolvidas na sindrome metabolica, podendo alterar o perfil lipidico de tais pacientes. Entretanto, as metodologias de avaliacao das catecolaminas ainda sao muito controversas devido a sua rapida flutuacao nos fluidos organicos e a interferencias de varios fatores de confusao. Objetivo: Este estudo objetivou utilizar metodologias de quantificacao de niveis de catecolaminas em plaquetas, plasma e urina de 24 horas, em pacientes com AOS com e sem hipertensao arterial, e avaliar um dos mais relevantes parametros lipidicos envolvidos nos mecanismos de aterosclerose, que e o LDL colesterol direto e LDL oxidada em pacientes com AOS associadas ou nao a hipertensao ou dislipidemias. Por fim, avaliar o impacto do tratamento da AOS com CPAP sobre os niveis de LDL oxidada nos pacientes com AOS severa apos um ano de tratamento. Metodos e Casuistica: Foram desenvolvidos 3 estudos (1, 2 e 3). O Estudo 1 foi dividido em dois experimentos. No Experimento 1 para realizar a padronizacao e validacao do metodo de catecolaminas plaquetarias, foram convidados 30 voluntarios que nao estavam fazendo nenhum tratamento de Saúde ou tomando medicamento e aceitaram em participar do estudo. Obteve-se 10 mL de sangue de cada voluntario para validar a metodologia de catecolaminas plaquetarias com comparacao do metodo de radio imunoensaio (RIE) e cromatografia liquida de alta pressao (HPLC). No Experimento 2, apos a validacao, foram selecionados 154 pacientes do Instituto do Sono de São Paulo, que passaram por orientacao sobre dieta hipocalorica com restricao a xantinas, cafeinas, exercicios fisicos, fumo e alcool previamente a coleta de fluidos. Tais pacientes foram alocados em quatro grupos: Hipertensao com AOS, Hipertensao sem AOS, somente AOS sem hipertensao e Grupo controle. Tambem houve uma analise de um subgrupo randomizado para tratamento com CPAP e Sham-CPAP. Os individuos passaram por avaliacoes clinicas, antropometricas, testes cardiopulmonares, polissonografia (PSG) e exames laboratoriais (perfil lipidico, testes de funcao renal e hepatica, glicemia, hemograma, velocidade de hemossedimentacao). Nos empregamos metodos de RIE para determinacao dos niveis de catecolaminas plasmaticas e urinarias alem do metodo de RIE ultrassensivel para os niveis plaquetarios. No Estudo 2 foram selecionados 99 pacientes do mesmo ambulatorio e foram alocados em 3 grupos GI- AOS com comorbidades (HAS e DIS) , GII u AOS e GIII controle. As dosagens do perfil lipidico e de outros parametros laboratoriais foram realizadas por metodos automatizados em equipamentos validados, e a LDL-colesterol direta determinada por reagente com eliminacao da catalase e para LDL oxidada, metodo de enzimaimuno ensaio (EIA). E para o Estudo 3 foram randomizados 72 pacientes com AOS severa e tratados com CPAP e Sham-CPAP por um ano de tratamento. No final do estudo apenas 45 pacientes chegaram a um ano de tratamento. Parametros antropometricos, perfil lipidico, e LDL oxidada foram avaliados nos periodos basais, 1, 3, 6 e 12 meses pos-tratamento. Calculos Estatisticos: Para o Estudo 1 foram aplicados teste de correlacao de Pearson, curva ROC com Odds-ratio e ANCOVA de uma vias foram empregados para tratamento estatistico dos dados. Como analise complementar foi realizados regressao logistica e indices de coeficiente de correlacao inter e intra-ensaiou dos testes plaquetarios. O teste de validacao que antecedeu o experimento seguiu protocolo de validacao com base nos metodos de J. Westgard. No Estudo 2, foi calculado a regressao linear construido baseados nas variaveis independentes AOS, HAS e DIS. E no Estudo 3 calculou-se a ANOVA de medidas repetidas. Resultados: No Estudo 1, e no Experimento 1, a validacao foi satisfatoria com correlacoes (r= 0,93 e r= 0,92) entre os metodos (RIE e HPLC) para catecolaminas plaquetarias, adrenalina e noradrenalina respectivamente. Desse modo, escolhemos o primeiro pela facilidade de execucao e rapidez. No Experimento 2, os niveis de noradrenalina e adrenalina urinarias foram significativamente associadas a condicao de hipertensao com e sem AOS (p=0,00 e p=0,01) enquanto noradrenalina plaquetaria relacionou-se somente a condicao de AOS sem hipertensao (p=0,03). Os resultados do efeito do tratamento com CPAP sobre as catecolaminas plaquetarias observam-se que o subgrupo tratado apos um ano apresentou reducao significativa de noradrenalina plaquetaria e de excrecao de catecolaminas urinaria (p=0,05 e p=0,04). No Estudo 2, o modelo estatistico de regressao logistica mostrou que somente a presenca de DIS foi associada aos niveis de LDL-colesterol direto (p=0, 001). A presenca de comorbidades (AOS e HAS) nao se associou as taxas de LDL-C direta, entretanto os niveis de LDL oxidada apresentaram expressivos efeitos aditivos para AOS (p=0,01, HAS (p=0,03) e DIS (p=0,03). No Estudo 3, o tratamento com CPAP e Sham-CPAP com relacao a circunferencia abdominal apresentou diferenca estatisticamente significante entre o periodo basal e 1 mes apos CPAP no grupo de CPAP (p=0,02). Com relacao a LDL-C, o grupo CPAP apresentou diferencas estatisticamente significante entre os periodos basais, 1, 3 e 12 meses, (p=0,04, p=0,04 e p=0,03) respectivamente. Com relacao as LDL oxidadas nao apresentaram diferencas estatisticamente significantes entre os periodos basais, 6 meses e 12 meses, nos grupos CPAP e Sham-CPAP (p=0, 011 e p=0,09). Conclusoes: O Estudo 1 demonstrou que o metodo de catecolaminas plaquetarias foi sensivel para monitorar a AOS, indicando alteracao da atividade simpatica mesmo em pacientes sem hipertensao. O tratamento com o CPAP foi capaz de reduzir os niveis de catecolaminas plaquetarias e urinaria. No Estudo 2, a AOS pode ocasionar elevacao das LDL oxidadas, independentemente das comorbidades associadas a AOS (HAS e DIS). No entanto, o tratamento efetivo da AOS (Estudo 3) nao foi capaz de alterar os niveis de LDL-oxidada