Participação dos receptores de cininas no controle da homeostase glicêmica: análise do impacto sobre as catecolaminas e secreção de insulina

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Gregnani, Marcos Antonio Fernandes da Silva [UNIFESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.unifesp.br/handle/11600/65619
Resumo: Introdução: Os receptores de cininas são classicamente relacionados a eventos inflamatórios, seja através do recrutamento de células do sistema imunológico, modulando secreção de mediadores inflamatórios ou promovendo vasodilatação. Nosso grupo e outros pesquisadores vêm investigando uma outra perspectiva, que consiste em explorar efeitos metabólicos desses receptores. Após encontrarmos e descrevermos efeitos dos receptores sobre diversos órgãos relacionados ao metabolismo como fígado, músculo esquelético e tecido adiposo, buscamos nesse trabalho avaliar o papel desses receptores na modulação de 2 importantes mediadores endócrinos: catecolaminas e insulina. Métodos: Utilizamos como modelo para estudo das catecolaminas os animais B1KO, submetendo-os a avaliação das catecolaminas por meio de HPLC, diversos parâmetros glicêmicos e o comportamento dos animais quando submetidos a um teste máximo de esforço. Utilizamos também a linhagem PC12 para estudar diretamente o papel dos receptores de cininas sobre a secreção e síntese de catecolaminas. Para o estudo da secreção de insulina, usamos o animal ob/ob, que é um camundongo que apresenta um fenótipo de hiper-secreção desse hormônio. Nesse modelo, realizamos experimentos para avaliar a expressão gênica dos receptores de cininas, a secreção de insulina mediada por glicose (GSIS), modulação do influxo de cálcio mediante administração de peptídeos agonistas de B1R e B2R e realizamos também ensaios de expressão protéica para avaliar proteínas envolvidas com a ativação metabólica das células beta promovida pela glicose. Usamos também a linhagem Ins1E para avaliar respostas crônicas ao tratamento com DBK através de expressão gênica em condições de normoglicemia ou hiperglicemia, além de avaliar o impacto de DBK sobre o metabolismo por meio da quantificação de AMPc. Resultados: Os animais B1KO tiveram maior secreção de EPI plasmática em estado de repouso, o que provavelmente repercutiu nos resultados observados de menor conteúdo de glicogênio hepático e menor glicosúria. Quando esses animais foram confrontados com o desafio metabólico do exercício físico, foi observada ausência de resposta tanto de EPI quanto de NE, o que sugerimos ter relação com o déficit de desempenho que os animais demonstraram durante o exercício físico. Além das alterações em nível plasmático, foi observado padrão de resposta semelhante na glândula adrenal em relação a NE: ausência de resposta ao esforço físico nos animais B1KO. Ainda em relação à glândula adrenal, foram observadas diferenças na expressão gênica de enzimas-chave para a síntese e degradação de catecolaminas. Usando as células PC12, mostramos que o tratamento com agonistas dos receptores de cininas têm efeito positivo na secreção de catecolaminas e na expressão de enzimas relacionadas à sua síntese. Em relação ao estudo da secreção de insulina, observamos expressão dos receptores de cininas apenas nos animais ob/ob. Quando avaliamos os impactos sobre a GSIS, B1R mostrou-se um repressor por modular negativamente os processos metabólicos relacionados à GSIS, já que não observamos alterações relacionadas ao influxo de cálcio. Essas alterações também foram vistas na linhagem INS1E em experimentos que avaliaram parâmetros agudos, como a expressão de proteínas importantes para o metabolismo da glicose quanto em experimentos de expressão gênica onde realizamos tratamentos com glicose de longo prazo. Por outro lado, encontramos alguns resultados no sentido oposto quando avaliamos a ativação desses receptores em condição normal de glicose, como por exemplo o aumento de AMPc quando o agonista de B1R foi combinado a Forscolina. Conclusão: Nossos dados sugerem papel importante para os receptores de cininas na modulação de ambos hormônios, colocando esses receptores como potenciais moduladores endócrinos do metabolismo.