Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2022 |
Autor(a) principal: |
Brust, Ester Saraiva [UNIFESP] |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de São Paulo
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://hdl.handle.net/11600/63905
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Resumo: |
O hipotireoidismo congênito (HC) é um distúrbio metabólico sistêmico, onde a produção de T3 e T4 no período neonatal é insuficiente. Os pacientes com HC apresentam disormonogênese (defeitos de síntese ou secreção dos hormônios tireoidianos, afetando 10-15% dos casos) ou disgenesia tireoidiana (DT) (defeitos no desenvolvimento da tireoide, afetando 80-85% dos casos). A DT já foi relacionada a mutações nos genes HOXA3, NKX2-1, PAX8, FOXE1, HHEX, HES1, EYA1, TSHR, TUBB1, GLIS3, JAG1, NKX2-5, NTN1 e CDCA8, embora tenham sido identificadas em apenas 5% dos pacientes. Por isso, é necessário continuar investigando as bases moleculares da embriogênese tireoidiana. Objetivo: Ampliar o estudo das bases moleculares da DT através da pesquisa de alterações gênicas com relevância clínica no exoma completo e em sequências regulatórias, utilizando sequenciamento de nova geração e análises in silico. Métodos: A casuística deste estudo foi composta por 71 pacientes com DT, 35 destes foram submetidos ao sequenciamento do exoma. As análises foram realizadas considerando genes alterados e variantes em comum nas DTs, variantes em genes candidatos (associados ao desenvolvimento e função tireoidiana) e regulados pelos fatores de transcrição FOXE1 e PAX8, e alterações cromossômicas. Informações das variantes sobre frequências populacionais e associação com doenças foram obtidas dos bancos de dados: 1000G, ABraOM, dbSNP, ExAc, ClinVar e DGV. Para a predição do efeito das variantes foram utilizados os programas: Enrichr, FannsDB-Condel, FATHMM-MKL, HOPE, MutationAssessor, MutationTaster, PolyPhen2, String e TFBind. A confirmação de variantes de interesse e análises de genótipo em pacientes e indivíduos controles normais brasileiros foram realizados por sequenciamento Sanger. Resultados: Observamos em todos os pacientes genes alterados associados ao desenvolvimento, morfogênese, migração e adesão celular, assim como variantes raras (MAF<1%) e deletérias compartilhadas entre as DTs. Identificamos variantes raras e deletérias em genes candidatos, das quais se destacaram TSHR_p.T574S, FGF3_p.K101N e SFRP2_p.S235X. Também identificamos 5 variantes no gene DUOX2 potencialmente prejudiciais e variantes em genes regulados por FOXE1 e PAX8, contudo, sem comprometer os motifs de ligação dos fatores de transcrição. Nas análises de genotipagem verificamos que as variantes rs1867277 e rs71369530 no gene FOXE1 foram fatores de risco para a DT (OR=2,45 (95%CI=1,69-3,55) e OR=1,78 (95%CI=1,10-2,88), respectivamente), com uma associação mais forte na presença conjunta das duas variantes (OR=2,90; 95%CI=1,24-6,72). Não identificamos CNVs ou regiões em homozigose prejudiciais. As análises de interação dos genes alterados sugerem uma possível causa poligênica da DT em nossos casos. Conclusões: Este estudo permitiu amplamente rastrear variantes em casos de DT e identificar alterações com potencial relevância clínica. Ainda, polimorfismos no gene FOXE1 foram fatores de risco para o desenvolvimento de malformações da tireoide. Nossos resultados sugerem que genes até então não associados às DTs podem estar envolvidos na doença e, ainda, reforçam a inexistência de um padrão genético único para as causas da DT. Os modelos poligênico ou de múltiplos fatores também podem estar relacionados com as falhas de desenvolvimento da tireoide, os quais devem ser mais explorados. Não descartamos a necessidade de ensaios funcionais e até mesmo o uso de modelos animais que podem fornecer dados mais conclusivos a associação destas variantes com a DT. |