Estudo clinico, randômico e duplo cego do uso do metotrexato em pacientes com lúpus eritematoso sistêmico

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1997
Autor(a) principal: Carneiro, José Ronaldo Matos [UNIFESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://repositorio.unifesp.br/handle/11600/15327
Resumo: Embora o MTX venha sendo utilizado ha quase duas decadas com bastante frequencia em doencas reumaticas, particularmente na AR, existem poucas referencias na literatura quanto ao seu em LES, nao havendo ate o momento nenhum estudo, controlado e randomico. O presente trabalho teve por objetivos avaliar a capacidade do MTX em controlar atividade da doenca, reduzir a necessidade de corticoesteroides e estudar a tolerabilidade ao MTX em pacientes com LES. Participaram do estudo pacientes com LES, segundo criterios classificatorios do CAR, com doenca ativa, em uso de prednisona &#61603; 0,5 mg/kg/dia sem uso de imunossupressores, aumento recente de corticoesteroides, comprometimento com risco de vida ou perda recente de funcao renal, e sem contra-indicacoes ao uso do MTX. O estudo foi duplo cego, randomico, controlado e comparou a eficacia do MTX a do PL. Entraram para o estudo 41 pacientes, dos quais 37 terminaram seguimento de 6 meses. Trinta e cinco eram do sexo feminino, 19 de cor branca, com idade variando de 16 a 49 anos (media de 31,2 anos). O tempo medio de doenca foi de 82,5 meses e variou de seis meses a 201 meses. Aleatoriamente, 20 pacientes receberam MTX na dose de 15mg/semana para os que pesassem ate 50kg e 20mg/semana para os com mais de 50kg de peso corporeo. Vinte e um pacientes receberam igual numero de capsulas de placebo. A dose de prednisona foi mantida, umentada ou reduzida a partir de um mes, de acordo com a evolucao clinica e laboratorial. Avaliacao clinica e laboratorial foram realizadas a intervalos mensais, ou a intervalos menores, quando necessario. A dose de prednisona, o escore do SLEDAI e a avaliacao da dor articular (escala analogica), hemograma, VHS, urina, creatinina, CH50 e anti-DNAn foram anotados a cada visita. Foi considerado melhora clinica quando o escore do SLEDAI, ao final do estudo, foi 50% menor que o inicial com diferenca minima de 3 pontos, e considerado significante quando a dose final de prednisona foi pelo menos 50% menor em relacao a inicial, sem haver exacerbacao da doenca. Os testes de Friedman, Mann-Withney e qui quadrado foram utilizados para a analise estatistica, sendo fixado em 0,05 o nivel de rejeicao da hipotese de nulidade. Os grupos foram homogeneos e comparaveis no inicio do estudo quanto as condicoes socio economicas, sexo, idade, escores do SLEDAI, dose media de prednisona, nota da escala analogica visual de dor e manifestacoes clinicas. Dois pacientes do grupo PL foram retirados do estudo por apresentarem piora significativa da doenca necessitando internacao hospitalar. Duas pacientes do grupo MTX tambem foram retiradas do estudo por terem apresentado efeitos colaterais e/ou complicacoes (tuberculose pulmonar em um caso e dispepsia intensa e lesoes cutaneas que foram atribuidas ao MTX em outro caso). Ao final do ensaio observou-se que 16 pacientes do grupo PL e apenas um do grupo MTX apresentavam manifestacoes articulares (p<0,001). A analise dos valores da escala analogica de dor mostrou que os valores do grupo PL foram significantemente maiores do que os do grupo MTX a partir do primeiro mes. Dezesseis pacientes do grupo PL e tres do MTX apresentavam lesoes cutaneas ao termino do trabalho (p<0,001). Nao houve diferenca significante entre os grupos MTX e PL quanto a presenca de proteinuria, hematuria, vasculites de polpas digitais e comprometimento hematologico. Ao final do estudo, quatro pacientes do grupo MTX e onze do PL apresentavam hipocomplementemia (CH50 <130U) (p<0,001) Com relacao aos escores do SLEDAI, comparando-se os dois grupos observou-se pelo teste de Mann-Whitney que os valores do SLEDAI do grupo PL foram significantemente maiores do que os do grupo MTX a partir do terceiro mes. Com relacao a dose de prednisona 13 pacientes do grupo MTX e apenas um do grupo PL conseguiram reduzir a dose ao longo do estudo (p < 0,001). O teste de Mann-Whitney mostrou que as medias das doses de prednisona foram significantementemenores no grupo MTX quando comparado ao grupo PL. Durante o estudo, no grupo MTX foram observados efeitos colaterais em 14/20 pacientes (70%). Doze pacientes apresentaram 60 episodios de efeitos adversos leves, sendo 29 clinicos e 31 laboratoriais. A sindrome dispeptica foi observada em 13,3% dos episodios, e, aumentos da AST e ALT, foram responsaveis, respectivamente, por 16,6% e 13,3% dos episodios de efeitos colaterais. No grupo PL foram observados sintomas gastrintestinais leves em 14,3% dos pacientes. Nosso trabalho permite concluir que o MTX foi eficaz no controle da atividade cutanea e articular de pacientes com LES e permitiu a reducao da dose de prednisona. Na dose de 15 a 20 mg/semanais, por 6 meses apresentou efeitos colaterais leves e frequentes, nao necessitando a suspensao da droga na maioria dos casos