Educação Popular e Economia solidária: a produção e a articulação de saberes no trabalho associado

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Bonfim, Juliana da [UNIFESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://hdl.handle.net/11600/62589
Resumo: O trabalho como categoria fundamental na vida social tem sido analisado por diferentes áreas do conhecimento e perspectivas teóricas e metodológicas. Na presente pesquisa, partindo da compreensão dos processos produtivos como essenciais na formação humana, buscaremos compreender o princípio educativo do trabalho na sociedade contemporânea por meio de um estudo sobre os saberes que se tecem no tempo e espaço do trabalho associado. Na perspectiva de Fischer (2009) e Tiriba (2007), nos últimos vinte anos no Brasil, as práticas de cooperativismo autêntico tem sido estimuladas e ampliadas pela Economia Solidária, nas quais afirmam existir um reencontro entre Educação e Trabalho, ou mais especificamente entre Educação Popular e Economia Solidária, que sendo germinado a partir de outra lógica de gestão e de produção é capaz de criar uma nova cultura do trabalho ao mesmo tempo em que cria uma Pedagogia da produção associada. Nesse sentido, autores como Singer (2009) afirmam que a vivência solidária é um ato pedagógico por si só. É nesta perspectiva que pretendemos identificar, sistematizar e analisar os saberes do trabalho a partir da imersão em uma cooperativa popular de reciclagem. Optamos pela Pesquisa Qualitativa (LUDKE, ANDRÉ, 1986; TRIVIÑOS,1987;YIN, 2016), guiadas pelo desejo de desenvolver uma investigação que valorize o significado da vida das pessoas nas condições de suas vidas reais e que possa ser representado por suas próprias opiniões e perspectivas, não deixando, contudo, de considerar o contexto do fenômeno social investigado. Foram utilizadas técnicas qualitativas de investigação como a observação e entrevistas, bem como de procedimentos analíticos, tendo como principal referência Yin (2016). Os saberes do trabalho associado foram analisados a partir de três dimensões educativas. No processo de interpretação da trajetória da cooperativa consideramos que a vivência no bairro e as estratégias de sobrevivência diante de questões emergenciais, correspondem a uma primeira dimensão educativa que classificamos como Dimensão comunitária, pela qual foi possivel identificarmos saberes de natureza político-organizativo emergentes das ações comunitárias e das estratégias de desenvolvimento local. Uma segunda dimensão educativa emergente da transformação das estratégias de sobrevivências e de subsistência em estratégia de vida, foi intepretada por nós como Dimensão associada, pela qual pudemos analisar na organização da autogestão de processos organizativo-produtivos que, na perspectiva da gestão solidária, por serem compartilhados, democráticos, coletivos e colaborativos são educativos por si só; por fim, em uma última dimensão educativa identificada e interpretada como Dimensão técnica consideramos os saberes produtivos específicos das atividades da coleta, triagem, beneficiamento e venda dos recicláveis. Nossas observações e análises que se centraram nos processos organizativos e produtivos nos levam a compreensão de que existe um fazer produtivo-educativo no qual e pelo qual a solidariedade, além de opção ética para a gestão e produção, é também condição humana, não configurando assim o trabalho como pura negatividade, mas como criatividade.