Nefropatia por C1q esporádica e Familiar

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Pereira, Maria Eduarda Vilanova da Costa [UNIFESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.unifesp.br/handle/11600/69159
Resumo: INTRODUÇÃO: A evolução do conhecimento sobre o sistema do complemento resultou em novas classificações das glomerulopatias já existentes e na identificação de novas entidades. A nefropatia por C1q (NC1q) é uma doença rara, encontrada em 0,21 a 2% das biópsias renais. Suas manifestações anatomopatológicas são variáveis: de podocitopatias a formas proliferativas. Sua resposta à imunossupressão é heterogênea, com padrão comum de resistência a corticoide. A doença foi descrita em 1985, porém ainda pouco se sabe sobre sua fisiopatogenia e história natural. Casos de apresentação familiar da doença nos levam a questionar uma possível etiologia genética. OBJETIVOS: os objetivos primários foram: descrever as características clínicas, laboratoriais e histopatológicas dos casos de NC1q acompanhados no Setor de Glomerulopatias da UNIFESP; e identificar possíveis mutações genéticas associadas à doença. MÉTODOS: estudo observacional retrospectivo de centro único envolvendo avaliação clínico-laboratorial de todos os casos-índice e sequenciamento do exoma de parte dos pacientes com diagnóstico anatomopatológico de NC1q. RESULTADOS: cinco pacientes foram diagnosticados com NC1q, com idades de apresentação entre 15-45 anos. O período de seguimento variou de 3 a 16 anos. A maioria era do sexo feminino e apresentou padrão de glomerulosclerose segmentar e focal na análise por microscopia óptica da biópsia renal. Apenas um caso cursou com padrão anatomopatológico de doença de lesões mínimas; esse teve melhor resposta à imunossupressão e evolução de função renal. Os demais apresentaram perda significativa de taxa de filtração glomerular. Dos cinco pacientes, três apresentavam história familiar de doença renal crônica de causa indeterminada. Um dos três pacientes submetidos à avalição do exoma apresentou mutação no gene TP53RK, que codifica a proteína reguladora da quinase TP53. DISCUSSÃO: O C1q é o componente inicial da via clássica do complemento e desempenha papel fundamental na imunidade. Não está claro o mecanismo de deposição e lesão glomerular na NC1q, mas alterações estruturais glomerulares, infecções e desregulação da cascata do complemento vêm sendo considerados. O gene TP53RK está envolvido no controle da transcrição gênica. Suas mutações foram associadas a síndrome neurorenal caracterizada por síndrome nefrótica córticoresistente e redução de sobrevida podocitária, não havendo relato prévio de associação com a NC1q. CONCLUSÃO: a NC1q é doença rara que acomete adultos jovens, cuja manifestação mais comum é a proteinúria. Pode apresentar-se de forma esporádica ou familiar, sendo necessários mais estudos para determinar o envolvimento genético em sua patogênese.