Tumor teratoide rabdoide atípico do sistema nervoso central: associação dos dados clínicos, histológicos, radiológicos, moleculares e terapêuticos com a sobrevida de pacientes atendidos no IOP/GRAACC/UNIFESP

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Rodrigues, Jéssica Benigno [UNIFESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.unifesp.br/handle/11600/70697
Resumo: Introdução: Na infância, o Tumor Teratoide Rabdoide Atípico (ATRT) corresponde a 1-2% dos casos de tumores malignos do sistema nervoso central. Os tratamentos convencionais para tumores cerebrais na infância apresentam baixa efetividade quando utilizados no ATRT, e não há consenso para o tratamento desse tumor, resultando em múltiplas formas de abordagem. Há descrito na literatura que o padrão histológico pode relacionar-se ao subgrupo molecular do ATRT, porém, poucos estudos descrevem a relação do padrão histológico com a sobrevida. Algumas variáveis como idade ao diagnóstico, estadiamento, extensão da ressecção, já foram associadas a uma melhora da sobrevida, porém, há poucos estudos que avaliem associação dos dados radiológicos com o desfecho, e ainda não há consenso sobre a indicação de radioterapia em menores de três anos. Justificativa: Considerando- se a relevância dessas questões e a escassez de informações sobre ATRT no Brasil, torna-se importante a avaliação e identificação de fatores clínicos e terapêuticos, que possam modificar a sobrevida dos pacientes com ATRT. Objetivos: Avaliar a associação das características clínicas, histológicas, radiológicas, moleculares e terapêuticas com a sobrevida dos pacientes com ATRT atendidos em um hospital oncológico pediátrico. Casuística e Métodos: Estudo observacional do tipo coorte histórica conduzido no Instituto de Oncologia Pediátrica – IOP/GRAACC/UNIFESP, durante os anos de janeiro de 2000 a dezembro 2022. A amostra foi constituída por 31 pacientes pediátricos admitidos nesse período. Dados clínicos e de tratamento foram obtidos por meio de revisão de prontuário. A classificação do tipo histológico em rabdoide/clássico, pequenas células redondas e azuis, epitelial e mesenquimal foi realizado por um mesmo patologista, e um corte de 50% foi utilizado para caracterizar o padrão predominante. Os dados radiológicos foram revisados por um neuro- radiologista. A análise molecular foi realizada em material biológico tumoral, por meio de NGS. Os resultados foram apresentados como médias com desvio padrão, porcentagem e medianas. Foram utilizados modelos de análise de sobrevivência de Kaplan-Meier para variáveis preditoras categóricas, e teste de Log Rank (Mantel-Cox) para comparação. Resultados: Nos menores de três anos, 74,9% dos pacientes foram a óbito. A sobrevida global (SG) em 3 anos foi de 24,5%, e a sobrevida livre de progressão (SLP) em 3 anos foi de 13,8%. Nessa faixa etária, a ausência de metástases associou-se com uma maior SG e SLP (SG 35,6% e SLP 23,7% em 3 anos, versus SG 10% e SLP 0% em 3 anos nos pacientes com M+). A SG foi maior nos pacientes que receberam radioterapia no primeiro tratamento (SG em 3 anos de 66,6% versus 7,8% no grupo não irradiado). Não houve diferença na SG e SLP para variáveis localização, status pós-cirúrgico e volume tumoral. O padrão histológico clássico apresentou menor SLP que a dos grupos epitelial e pequenas células (p=0,021), e a subdistribuição de risco de progressão no grupo de pacientes com esse padrão foi 3,7 vezes maior que os demais. Nos maiores de três anos, 57,1% dos pacientes foram a óbito. A SG em 3 anos foi de 38,1%, e a SLP em 3 anos foi de 53,5%. Nessa faixa etária, não houve diferença na SG e SLP para as variáveis metástases, localização, padrão histológico e volume tumoral. Para o status pós- cirúrgico, somente a SLP foi significativamente maior nos pacientes com ressecção completa (SLP em 3 anos de 75%, p=0,008). A média do tempo de sobrevida global nos menores de 3 anos foi de 1,9 anos; e a média do tempo de sobrevida global nos maiores de 3 anos foi de 2,5 anos. Para ambas as faixas etárias, não foi possível analisar outras variáveis radiológicas (sangramento, calcificação, restrição a difusão) com a sobrevida, bem como as alterações moleculares, devido sua baixa frequência e significado. As alterações genéticas encontradas foram mutação do gene SMARCB1 em 11 pacientes, mutação do NOTCH1 em 4 pacientes, mutação do gene KMT2D em 1 paciente. Conclusão: Os pacientes maiores de 3 anos parecem ter uma maior SG e SLP que os menores de 3 anos. O diagnóstico precoce do ATRT, em fase inicial e sem metástases, pode corroborar para um melhor desfecho e aumento na sobrevida. O uso da radioterapia no primeiro tratamento pode melhorar o desfecho dos pacientes menores de 3 anos e, portanto, deve ser ponderada sempre que possível. Nessa faixa etária, o padrão histológico clássico associou-se a pior SLP.