Ações do extrato quimicamente padronizado de C. glaziovii Snethl. na inflamação intestinal induzida em camundongos: efeitos na neurotransmissão colinérgica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Bechara, Fabiana Moreira Nogueira [UNIFESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/trabalhoConclusao/viewTrabalhoConclusao.jsf?popup=true&id_trabalho=4567036
http://repositorio.unifesp.br/handle/11600/48748
Resumo: A doença inflamatória intestinal (DII) é um quadro de inflamação crônica e recorrente do trato gastrointestinal (TGI) que envolve alterações da resposta imunológica, associada à uma suscetibilidade genética e fatores ambientais. A inflamação intestinal pode afetar todo o TGI (doença de Crohn), ou ser restrita à mucosa do cólon (retocolite ulcerativa), mas os dois quadros apresentam sinais clínicos comuns caracterizados por diarreia, dor abdominal, edema e ulcerações. Estudos anteriores do grupo mostraram que o extrato aquoso (EA) e a fração butanólica (Fbu) de Cecropia glaziovii Snethl. apresentam atividades hipotensora/anti-hipertensiva, antiácida/anti-úlcera, broncodilatadora e efeitos do tipo ansiolítico e antidepressivo. O objetivo do presente trabalho foi avaliar os efeitos do EA e da FBu obtidos de C. glaziovii Snethl. e padronizados quimicamente, em um modelo de inflamação intestinal aguda induzida por sulfato de dextrana sódico (SDS) em camundongos e suas consequências nas respostas farmacológicas produzidas por ativação muscarínica e nicotínica, em preparações de cólon isolado. A colite aguda foi induzida em camundongos C57Bl/6 machos (8 a 12 semanas) pelo fornecimento de SDS (2,5%) no bebedouro, por 5 dias consecutivos, e água por mais dois dias (grupo SDS). O grupo controle (C) recebeu água durante o mesmo período. A inflamação intestinal foi avaliada pelos sinais clínicos, por análises histológicas do cólon e determinações da atividade da mieloperoxidase (MPO). Os animais dos grupos C e SDS foram tratados com o EA (1 e 2 g/kg) ou com a FBu (0,1 e 0,3 g/kg), v.o., por 7 dias. O estabelecimento da colite no grupo SDS foi confirmado pela presença de diarreia, sangue nas fezes e redução dos pesos corporais dos animais de 16% do valor inicial. Os pesos e os comprimentos do cólon foram reduzidos de 20% e 26% dos respectivos valores controles, enquanto que a atividade da mieloperoxidase (MPO) tecidual aumentou 3,2 vezes em relação ao valor controle. No cólon do grupo SDS, as análises histológicas revelaram a presença de lesões da mucosa, infiltrado de células inflamatórias e edema na mucosa e na submucosa. O tratamento do grupo SDS com o EA ou a FBu atenuou os sinais clínicos e as alterações histopatológicas e reduziu a atividade da MPO a valores controles. A FBu apresentou maior eficácia nesses ensaios e foi utilizada nos estudos funcionais. Registros de contração isométrica e curvas concentração-efeito de acetilcolina (ACh, 10-9 a 10-2 M), ou de carbacol (CCh, 10-9 a 10-2 M) na presença de hexametônio (C6, 300 µM), foram obtidos em cólon isolado dos diferentes grupos animais. No cólon do grupo C, a contração máxima produzida pela ACh ou CCh foi maior 3 e 5,5 vezes maior, respectivamente, na região distal do que na proximal. Nas preparações de cólon distal do grupo SDS, o Emax da ACh e do CCh foram reduzidos de 19% e 47%, respectivamente, dos valores controles. Esses efeitos foram revertidos pelo tratamento com a FBu (0,3 g/kg). Os valores de CE50 da ACh e do CCh não foram afetados no grupo SDS ou após o tratamento do grupo SDS com a FBu (grupo SDS+FBu). No entanto, o tratamento de animais intactos com a FBu (grupo FBu) reduziu a CE50 da ACh em relação ao valor controle, indicando aumento da afinidade dos receptores pelo agonista. Este efeito não foi observado nas curvas concentração-efeito do CCh obtidas na presença do bloqueio ganglionar com C6. No cólon proximal, os valores de Emax ou CE50 dos dois agonistas não diferiram entre os quatro grupos experimentais. As curvas concentração-efeito de nicotina (0,3 -100 µM) obtidas em cólon isolado do grupo C mostraram relaxamento relacionado às concentrações do agonista. O relaxamento máximo produzido pela nicotina foi 5 vezes maior no cólon distal do que no cólon proximal. No cólon proximal, os efeitos da ativação nicotínica não diferiram entre os grupos C, SDS, FBu e SDS+FBu. No cólon distal, o efeito máximo produzido pela nicotina foi reduzido nos grupos SDS e FBu, observando-se somação dos efeitos no grupo SDS+FBu. Essas observações sugerem que o relaxamento produzido por nicotina no cólon do camundongo envolve a mediação de outros mecanismos além da liberação de NO. Os resultados mostraram que a FBu foi mais eficaz que o EA da planta em amenizar os efeitos macroscópicos e as alterações histológicas do cólon produzidos pela colite aguda por SDS. Além disso, o tratamento do grupo SDS com a FBu reverteu os efeitos da inflamação intestinal na contração máxima do cólon produzida por ativação muscarínica, mas não reverteu as alterações dos efeitos estimulados por ativação nicotínica. Em conjunto, os dados indicam que os efeitos da FBu na colite aguda parecem relacionados podem estar relacionados, em parte, às atividades anti-inflamatória e antioxidante atribuídas aos constituintes majoritários da FBu, os flavonoides e as procianidinas.