Prevalência de transtornos mentais na Estratégia Saúde da Família e avaliação de um modelo de capacitação em saúde mental

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Gonçalves, Daniel Almeida [UNIFESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://repositorio.unifesp.br/handle/11600/22402
Resumo: Introdução: Problemas de Saúde mental sao comuns na atencao primaria a Saúde e sao geralmente relacionados a ansiedade e a depressao e associados com queixas genericas como irritabilidade, preocupacoes e multiplos sintomas fisicos. Dificultam a abordagem de medicos e enfermeiros de familia da Estrategia Saúde da Familia que nao estao completamente aptos a abordagem integral. Nao ha estudos nacionais que avaliaram a prevalencia destas morbidades em grandes centros urbanos. Para melhor resolutividade na atencao primaria, o Ministerio da Saúde criou os Nucleos de Apoio a Saúde da Familia que objetivam atraves da pratica matricial instrumentalizar os profissionais da atencao primaria para deteccao e manejo dos transtornos mentais neste nivel de atencao. Objetivo: Este estudo tem o objetivo de avaliar a taxa de transtornos mentais comuns e suas associacoes caracteristicas sociodemograficas no Brasil em quatro centros urbanos no Brasil. Objetiva ainda avaliar o impacto de um curso de aperfeicoamento em Saúde Mental na Atencao Primaria (sob a logica matricial) na deteccao de transtornos mentais, implementacao do metodo clinico centrado na pessoa e indicacao de terapeuticas especificas pelos profissionais da atencao primaria. Metodologia: E um estudo multicentrico, nao randomizado e sem controle, com cortes transversais antes e apos a intervencao (curso de aperfeicoamento), com um total de 1852 usuarios da atencao primaria do Rio de Janeiro, São Paulo, Fortaleza e Porto Alegre. Utilizou-se o Questionario Geral de Saúde -12 (GHQ-12) com ponto de corte 3 e Escalas de depressao e ansiedade (HAD) com ponto de corte 8 em 40. A analise dos fatores associados aos transtornos mentais comuns foi feita atraves de regressao logistica dentro do programa SPSS. A atuacao dos profissionais da atencao primaria foi aferida por meio de questionarios preenchidos apos atendimentos clinicos dos medicos e enfermeiros de familia. Resultados: A taxa de transtornos mentais comuns no Rio de Janeiro, São Paulo, Fortaleza e Porto Alegre foram, respectivamente, 51,9%, 53,3%, 64,3% e 57,7%, com diferencas significativas entre Porto Alegre e Fortaleza comparando-se ao Rio de Janeiro. Problemas de Saúde mental foram especialmente altos em mulheres, desempregados, em pessoas com baixa escolaridade e naqueles com baixa renda. O curso de aperfeicoamento nao alterou a deteccao dos transtornos mentais de uma forma geral entre os profissionais, apesar de aumentar a utilizacao do metodo clinico centrado na pessoa (de 69% para 75%, p= 0.01). No entanto, entre enfermeiros de familia houve significante aumento da deteccao de transtornos mentais (de 16% para 34%, p=0.00) ao passo que entre medicos houve diminuicao na deteccao apos a intervencao (de 37% para 25%, p=0.00). Tambem nao se observou alteracao na referencia para niveis secundarios de atencao e utilizacao do matriciamento e intervencoes psicossociais apos a intervencao. Conclusao: Observou-se elevados indices de transtornos mentais comuns entre os usuarios da atencao primaria das cidades estudadas. Dadas as iniciativas do governo brasileiro para a reorganizacao da politica publica de Saúde mental e da atencao primaria, e importante considerar os transtornos mentais comuns como uma prioridade, inclusive atencao aos fatores associados ao adoecimento, como oferta de melhor educacao e geracao de renda. Para enfrentamento deste problema, a capacitacao dos profissionais de atencao primaria e um recurso estabelecido. No entanto, o modelo de treinamento avaliado nesta tese nao mostrou melhoras consistentes na deteccao e manejo dos transtornos mentais na atencao primaria no contexto que foi estudado. Alem do investimento em atividades de capacitacao, sao necessarios investimentos para melhores recursos fisicos e estruturais e condicoes mais estaveis de trabalho, fazendo com o que os esforcos para pratica da integralidade e melhora na qualidade de vida dos usuarios SUS sejam um desafio multissetorial