Incontinência urinária, bexiga hiperativa e qualidade de vida em mulheres submetidas à artroplastia total de quadril

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Martines, Guilherme Augusto [UNIFESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://hdl.handle.net/11600/64086
Resumo: Introdução: A Osteoartrite (OA) de quadril é a doença articular mais frequentemente encontrada e uma das principais causas de incapacidade, sendo responsável por um número alarmante de absenteísmo no trabalho e aposentadoria por invalidez. Sua prevalência é maior em mulheres de meia idade e idosas, ocasionando, dentre inúmeros sintomas, dor e diminuição da capacidade funcional e importante impacto negativo na qualidade de vida (QV). Dentre as formas de tratamento existentes atualmente destaca- se a artroplastia total de quadril (ATQ), a qual melhora a sintomatologia da dor e diminui a incapacidade, permitindo que uma nova articulação funcione normalmente. Além desses benefícios, a literatura científica tem sugerido também a ocorrência de efeitos positivos sobre os sintomas da incontinência urinária (IU), dependendo da via de acesso utilizada. Objetivos: Verificar a frequência de IU, Bexiga Hiperativa (BH) e o impacto na QV na amostra populacional e no sub-grupo de mulheres incontinentes nos períodos pré e pós-operatório de 3 e 6 meses de ATQ; determinar a porcentagem de mulheres que foram curadas e que adoeceram aos 3 e 6 meses de pós-operatório de artroplastia total de quadril; investigar os fatores associados à IU no período de 6 meses pós-operatório de ATQ, investigar a correlação entre os escores finais do International Consultation on Incontinence Questionnaire Short Form (ICIQ-SF) e os escores do componente físico do Short-Form 12-Item Health Survey (SF-12) no periodo de 6 meses de pós-operatório de ATQ, além de propor novos "insights" sobre a hipótese fisiopatológica atual. Métodos: Realizou-se um estudo de coorte prospectivo, constituído por 183 mulheres submetidas a ATQ entre 2017 e 2019 pela via de acesso posterolateral. Os instrumentos utilizados para avaliação foram o ICIQ-SF, o International Consultation on Incontinence Questionnaire Overactive Bladder (ICIQ-OAB) e o SF-12 com seus compontentes físico e mental. Resultados: Melhoras significativas foram observadas na IU, BH e QV nos períodos de 3 e 6 meses de pós-operatório na amostra geral e no subgrupo com IU pré-operatória. Em números absolutos, 24 mulheres foram curadas quanto aos sintomas de IU, enquanto 6 adoeceram (13,11% e 3,28% da amostra total, respectivamente), concluindo que 18 mulheres foram curadas após 6 meses de intervenção (9,83% da amostra total e 25,7% do sub-grupo incontinente no início do estudo). Quanto à BH, 16 mulheres foram curadas, enquanto 3 adoeceram (8,74% e 1,64% da amostra total, respectivamente), alcançando a cura em 13 mulheres após 6 meses de intevenção (7,10% da amostra total). A regressão multivariada revelou que os escores finais pré-operatórios do ICIQ-SF e do ICIQ-OAB foram os melhores preditores de IU no pós-operatório de 6 meses. Cada unidade de aumento do ICIQ-OAB aumenta xvi as chances de IU em 26,9% e a IU pré-operatória aumenta a chance de IU pós- operatória em 18,7 vezes. Uma correlação fraca e negativa, porém significativa foi encontrada entre o escore do ICIQ-SF e o escore físico do SF-12, sugerindo que o fator "recuperação da mobilidade" obtido pela ATQ atua positivamente na melhora da IU e BH pós-operatória de ATQ. Conclusões: Melhorias significativas na IU, BH e QV foram encontradas em 3 e 6 meses de pós-operatório. A taxa de cura quanto a IU e BH pós- intervenção de ATQ foi satisfatória e muito superior ao adoecimento, demonstrando a eficácia da intervenção cirúrgica. Os escores finais pré-operatórios do ICIQ-SF e ICIQ- OAB foram os melhores preditores de IU 6 meses após a cirurgia. Uma correlação significante foi obtida entre os escores do ICIQ-SF e o componente físico do SF-12, sugerindo que a recuperação da mobilidade, alívio da dor e a provável melhora da função do Assoalho Pélvico (AP) pode ajudar a explicar a melhora dos sintomas urinários.